quinta-feira, setembro 14, 2006

 

O homem que tinha medo da própria sombra


Não me dá – acreditem – prazer nenhum ter razão nestas circunstâncias específicas, mas tenho de dizer que nada do que está a acontecer com a equipa do Glorioso me surpreende. Preferia claramente vir aqui dar a mão à palmatória e humildemente elaborar sobre como teria sido precipitado na apreciação da incompetência do Engenheiro. Todavia, essa incompetência é demasiado óbvia - ofensiva até na impunidade com que se passeia à frente dos nossos olhos - e o Engenheiro é muito simplesmente o mais incapaz (veja-se o jogo do Bessa) e cobarde responsável técnico que passou pelo Glorioso nos últimos anos. Naturalmente, sendo o Glorioso o Glorioso, isto não só é inaceitável, como profundamente revoltante. É que assim deita-se fora tudo o que de bom foi feito nos últimos anos. Não só já destruiu uma das poucas coisas boas que restavam (como a consistência defensiva do ano passado), como vai lentamente transformando jogadores confiantes e capazes em medricas aterrorizados com a própria sombra (e, como tal, em clones de si próprio).
Não mudo uma vírgula ao que já aqui disse sobre o Engenheiro e tenho para mim que o caminho tortuoso que temos trilhado nos últimos jogos se deve sobretudo à sua inultrapassável natureza de perdedor compulsivo. É um homem sem ponta de carisma, aborrecido e cinzento, ultrapassado na concepção estratégica do jogo e com a personalidade de um sofá (individual). A sua contratação é dos maiores erros desportivos jamais cometidos no Benfica. E é-o também porque era absolutamente previsível que o fosse.

O jogo de ontem, frente ao Copenhaga, foi das demonstrações de cobardia mais ofensivas e exasperantes que já vi. Atingiu laivos de provocação, foi medíocre, criminoso e não o admito. Não admito que se castre jogadores que já deram provas de ter qualidade e não admito que se use o nome do Benfica para satisfazer complexos de inferioridade ridículos, nojentos e diminuidores.
Toda a gente percebeu muito rapidamente que a equipa do Copenhaga era uma equipa menor, básica, incapaz. O que se impunha era uma vitória categórica. O que se impunha era agarrar no jogo e ganhá-lo. O que se impunha, seu amorfo conformista, era jogar à Benfica e marcar golos. É que se não se ganha àquela equipa patética, não se ganha a ninguém, percebeu? Porque é demasiado óbvio que o Manchester e o Celtic vão ganhar ambos os jogos ao Copenhaga. Porque é demasiado óbvio que nem toda a gente tem medo da própria sombra como o Sr. Engenheiro. Não tem o direito – não lho dou, nenhum de nós lho dá – de associar o nome do Benfica à nojenta e vergonhosa demonstração de medo e cobardia a que se assistiu ontem. Se quer ser cobarde e ver a vida a passar-lhe ao lado, seja-o sozinho. Nade sozinho na porcaria em que se borra de cada vez que vê um desafio à frente.
Vir, no fim, dizer que foi um bom resultado é de uma lata e desfaçatez inacreditável e, no fundo, ofender toda a gente que vive o Benfica como deve ser vivido – com audácia, coragem, sem medo. É, como é óvio, um mau resultado, a não ser que se seja pequeno e medíocre. E você, sr. Engenheiro, é uma pessoa pequena, destinada ao fracasso. Faça-nos um favor e deixe o Benfica retomar o seu caminho de grandeza. Vá-se embora. Vá passear o seu medo para outro lado. Compre um cão.
Tenho já uma antipatia que raia o inultrapassável pelo Engenheiro. Porque me faz mudar de canal quando vejo o meu Benfica jogar (porque sofro com a mediocridade, não reconheço o Benfica naquilo), porque me faz perder a esperança quando se aproxima um jogo do Benfica, porque lentamente mata o sonho e a expectativa que sempre estiveram associados à antecipação de um jogo do Glorioso.
Também já aqui havia previsto os efeitos nefastos que ter este amorfo como treinador poderiam causar junto das massas benfiquistas (e não, não estou a falar de esparguete timbrado com o símbolo do glorioso ou de tagliatelle em forma de águia). Os responsáveis do Benfica têm a obrigação, o dever de perceber que isto pode constituir um obstáculo à tendência de crescimento das assistências e do número de sócios. Porque, numa altura de dinamização como nunca da massa de apoio do clube, este traste, este infeliz arrasta o nome do Benfica pela lama, e transforma um jogo do Benfica em algo semelhante a um produto bocejante da escola do cinema português. E, muito honestamente, não me parece que o público alvo de um dos objectos cinematográficos onanistas do Manoel de Oliveira seja o mesmo que vai ao Estádio da Luz.
Estou convencido, caro Luís Filipe Vieira, que se não tiver a capacidade de perceber isto agora - quando ainda se pode controlar os estragos - vai acabar por percebê-lo da pior forma.

Exijo medidas, na capacidade de benfiquista que cumpre todas as suas obrigações de sócio, que sofre ao ponto de não dormir e que já fez sacrifícios que muitos não fariam. É minha obrigação fazê-lo, assim como é minha obrigação vir aqui denunciar o que está mal e o que não se coaduna com a filosofia da Águia, enquanto detentor de um meio privilegiado para o fazer.
Nenhum benfiquista que se preze se revê nesta cultura da mediocridade.

A solução, para mim, é muito simples. Fernando Santos e José Veiga na rua, Camacho de volta.

p.s. colocar o Kikin em campo aos 89 minutos é, não só ofensivo para o rapaz, como ofensivo para todos nós que gostamos de ganhar. Não me lembro da última vez que me apeteceu tanto espancar um treinador do meu clube com uma maça medieval.

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