quinta-feira, março 05, 2009

 

Boa oportunidade







quarta-feira, março 04, 2009

 

Ovo podre

Este fim-de-semana, na imprensa:

Soares Franco arguido por crime de burla

Soares Franco foi ontem ouvido na PSP de Lisboa, como arguido, no âmbito de um processo que corre no Ministério Público de Ponta Delgada, em que é suspeito de burla qualificada e abuso de confiança. Em causa, está a venda – há mais de dez anos – de um prédio rústico, nos Açores, pertencente a uma familiar do presidente do Sporting. (…)’

Subitamente, a visão da Avestruz de Alvalade confortavelmente aninhada ao lado do presidente do clube condenado por corrupção (ah, o amor é tão bonito) na tribuna presidencial do Estádio do Ladrão no Sábado é incrivelmente adequada - vejo-o agora com uma clareza cristalina. E percebo também a profunda cumplicidade e os estreitos e enternecedores laços de amizade que se formaram: como se de uma cerimónia iniciática para a entrada num gangue se tratasse, desde que Pipinho mostrou as suas credenciais na arte da intrujice ganhou o direito de privar com os rufias mais crescidos.

Olhando para aquele camarote no Sábado, diria o povo que estavam os ovos podres todos no mesmo cesto.
Ou, neste caso, os trafulhas todos no mesmo camarote.


p.s. Os queques gostam muito de apregoar que se trata de um clube de gente com valores. Lá isso é verdade. A família em primeiro lugar. Primeiro engana-se a família e só depois o Sportem.

terça-feira, março 03, 2009

 

As Finanças, ah, as Finanças - 'The Complete Idiot's Guide to Benfica's accounts' 3ª edição

Face ao Carnaval que aí vai pela imprensa quanto às contas semestrais das SADs (que isto se perceba de vez: as SADs e não os grupos económicos), impõe-se aqui tecer as seguintes considerações:

1. Trata-se das contas das SADs. Outra vez: trata-se das contas das SADs. Não se trata das contas dos grupos económicos, até porque (porra, como isto cansa) o Benfica é, já há vários anos, o único clube que consolida todo o seu universo empresarial. Logo, está tudo nas contas consolidadas e estas reflectem na sua plenitude a situação do universo Benfica. Está lá toda a dívida. Isto para dizer o quê? Que outros clubes existem que embelezam artificialmente as contas das SAD porque é nestas que centram a atenção da imprensa e do mercado, e que preferem deixar convenientemente de fora do perímetro de consolidação empresas com dívida bancária que não interessa juntar (já o disse mais de uma vez: cá, no Benfica, não há cá sociedades carregadas de dívida que não entram para as contas, nem agregados escolhidos a dedo, para dar jeito ou manipular os números, como é apanágio de outros clubes 'diferentes'). As contas das SADs do clube condenado por corrupção e dos amigos do Lumiar são, portanto, uma espécie de montra artificialmente arrumada (e, ainda assim, são a porcaria que são!) para uma loja de cacos. A SAD do Benfica reflecte a natureza da actividade da SAD e tem a dívida que deve, legitimamente, estar na SAD. Toda a restante dívida que está nas outras sociedades respeita à actividade das outras sociedades (e não está apenas lá escondida para não estar na SAD, como nos casos do Sportem e do FC Porco) e está escarrapachada nas contas consolidadas referentes ao Grupo (contas consolidadas essas que não existem nos casos do SCP e FCP).
As receitas do Grupo Benfica são, como se sabe, muito superiores e incluem uma série de fontes de receitas que não estão incluídas nas contas agora discutidas, mas que estão incluídas nas contas consolidadas.
Anseio pelo momento em que se possa comparar as contas consolidadas dos GRUPOS económicos SLB, SCP e FCP. Como nós todos gostaríamos, e que desconfortável será para quem muito gosta de construir cenários fantasiosos de elogio ao FCP e aos falidos do Lumiar.


(A título exemplificativo, e para se ter noção da dimensão, registe-se que no exercício terminado em 2007 o grupo Benfica apresentava proveitos operacionais de EUR 87 milhões.
O Passivo Total do Grupo Benfica (tudo incluído) seria da ordem dos EUR 305 milhões, o do Grupo Benfica sem a Benfica Estádio de cerca de EUR 242 milhões, o do ‘Grupo’ Sportem de EUR 358 milhões e o do Clube Regional do Porto de EUR 148,5 milhões. O passivo remunerado do Grupo Benfica seria de cerca de EUR 167 milhões, o do Grupo Benfica sem o Estádio de cerca de EUR 124 milhões, o do ‘Grupo’ Sportem de cerca de EUR 238 milhões e do ‘Grupo’ do Clube Regional de cerca de EUR 97 milhões. Registe-se que o EBITDA (Cash flow Operacional) do Benfica era de EUR 28 milhões (de EUR 15 milhões sem a Benfica Estádio), o do Sportem era de EUR 9 milhões e o do Clube Regional de EUR 3 milhões.
Tendo presente que os agregados do Clube Regional e do Sportem não incluem os Estádio e uma série de entidades (e, como tal, não são comparáveis), mencionei também os agregados do Grupo Benfica sem a Benfica Estádio, para a coisa ser ligeiramente mais comparável.
Registe-se ainda que o Passivo Total do Grupo Sportem, face ao que tem sido publicamente admitido pelos seus responsáveis (foi admitido há sensivelmente 2 anos que era de EUR 400 milhões) será actualmente da ordem dos EUR 450 milhões e o Passivo Exigível da ordem dos EUR 235 milhões.)


2. Os resultados da SAD derivam de uma opção consciente do Benfica. Optou-se por manter os activos e não alienar direitos desportivos (e havia claramente essa possibilidade). Bastava ter vendido um jogador e neste momento a situação seria a oposta. Mas optou-se por manter a estrutura e investir adicionalmente na equipa, num quadro de controlo total das possibilidades de financiamento. Trata-se de uma situação absolutamente prevista pelo Benfica e que faz parte da estratégia delineada. Já se sabia que iríamos ter prejuízo nas contas semestrais da SAD exactamente por causa disso, o que não quer dizer que as contas no final do exercício não venham a ser diferentes.

O que há a assinalar aqui é o seguinte: O Benfica não esteve na Liga dos Campeões e neste exercício (até agora) não alienou quaisquer activos e o prejuízo está absolutamente dentro do projectado.
Quem devia estar (e está, e está) preocupado é o clube condenado por corrupção, que realizou EUR 18,64 milhões em alienações de passes de jogadores, tem uma presença lucrativa na Liga dos Campeões e ainda assim regista um resultado líquido negativo de EUR 2,5 milhões. Isso sim, é muito preocupante, muito estranho e denuncia uma falência estrutural (sobre o assunto, leiam-se os excelentes posts no blog Fórum Benfica).

E não se venha outra vez com a história dos passivos. O passivo, só por si, não quer dizer rigorosamente nada, se não for comparado com o activo e se não for analisado na sua estrutura. A este nível tem de ser explicado novamente que o mencionado na imprensa é o Passivo das SADs e não dos grupos económicos. É natural que o passivo da Benfica SAD seja maior, porque a dimensão do clube (e o activo) também o é. E como disse, na SAD do Benfica está todo o passivo da SAD, não há partes escondidas de dívida para outras entidades porque não valeria a pena: o Benfica, não me canso de o repetir é o único que consolida todo o universo empresarial.

Se os passivos totais da Benfica SAD, Porto SAD e Sportem SAD são de, respectivamente, EUR 147,4 milhões, EUR 143,5 milhões e EUR 141,9 milhões, os ACTIVOS são, também respectivamente, de EUR 161,1 milhões, EUR 156,9 milhões e EUR 137 milhões. O que curiosamente, não vem na imprensa, porque preferem mais uma vez fazer o exercício estúpido (e há mais gente que o faz) de comparar apenas os valores absolutos do Passivo. Os capitais próprios da Benfica SAD são de EUR 13,7 milhões, os da SAD do Porto de EUR 13,4 milhões e os da Sportem SAD de -4,9 milhões. Aspecto a salientar: sim, a Sportem SAD tem Capitais Próprios negativos (e isto, sim, é FALÊNCIA TÉCNICA, cambada de jumentos da comunicação social), apesar de ter dívida escondida por uma série de empresas espalhadas pelo grupo, e que não consolidam (e que denunciam um passivo total da ordem dos EUR 450 milhões)

Outro aspecto (e fundamental) a salientar, é que a estrutura do passivo do FC Porco (que é uma análise importante, apesar da iluminada imprensa desportiva achar que não) revela que há EUR 61,2 milhões de dívida bancária que se vence a muito curto prazo e que necessita de ser refinanciada numa conjuntura de crise financeira mundial. Por outras palavras, o FC Porco, para sobreviver, necessita desesperadamente do apoio da banca e depende da venda sistemática de jogadores num cenário de crise mundial (já não só financeira, mas também económica). É um cenário admitido pela administração da SAD do clube condenado por corrupção e que configura a chamada 'falência estrutural'. A este nível, tudo isto está (como sempre) exemplarmente explicado e foi já denunciado há muito no Fórum Benfica.

No entanto, quando o Benfica, numa atitude de antecipação às dificuldades inerentes à crise financeira e de excelente gestão financeira, emitiu papel comercial no valor de EUR 40 milhões, tendo utilizado EUR 25 milhões para reembolsar dívida bancária de curto prazo, não li nem ouvi na imprensa ninguém destacar a qualidade da medida. Não: na altura o que se ouviu foi a diarreia mental dos avençados do costume a elaborar sobre como o Benfica estava em dificuldades. Quando na verdade o que estava a fazer era a arrumar a casa para não estar sujeito ao que o FC Porco vai estar. É o país e imprensa que temos. São os fantoches que temos de aturar (controlados pelos fantocheiros do costume).


3. Trata-se de um prestar de contas referente a apenas metade do exercício. São as contas semestrais, afectadas que são pela sazonalidade do fenómeno desportivo e pelas especificidades da estrutura da época desportiva. Há uma série de acontecimentos, absolutamente previstos, que determinam este resultado e há uma série de medidas disponíveis para se alterar este quadro até ao fim do exercício (se a SAD decidir vender um jogador, a situação inverte-se).
No final do exercício veremos então qual foi a verdadeira situação de toda a época, e a nível do GRUPO!

4. Tem particular piada a imprensa vir, em parangonas desproporcionadas, elaborar sobre a ‘falência técnica’ das SADs dos clubes. Fiquem sabendo, cambada de bisnaus avençados, que em falência técnica só se encontra a Sportem SAD, que tem capitais próprios negativos. É isso que significa ‘falência técnica’. Perceberam, pseudo-jornalistas da treta, lagartagem e malta que gosta de clubes condenados por corrupção? Provavelmente não. Já estou habituado.

Quanto à questão do capital estar abaixo do exigido, é público, e comum às três SADs, o facto de não estarem a cumprir o o artigo 35º. do Código das Sociedades Comerciais (que não está exactamente em prática desde 2004, exactamente por força da grande quantidade de empresas do tecido empresarial português que não estão em cumprimento). A este título já aqui o escrevi: ‘É do conhecimento de todos a pesada herança de resultados transitados negativos que se herdou da era Vale e Azevedo, e que tem vindo a ser esbatida graças ao caminho de equilíbrio que se está a percorrer. Como é óbvio, isso não se faz de um momento para o outro e as contas reflectem-no. Registe-se também que a situação relativa ao artigo 35º será resolvida com o aumento de capital na SAD através da entrada em espécie das acções detidas na Benfica Estádio e posterior fusão (não, isso não melhora, em substância a situação dos capitais próprios do Grupo, mas resolve a questão formal).
O que importa é que o motor económico do Benfica foi posto a funcionar como deve ser (é evidente a evolução da situação operacional ao longo dos últimos anos e o seu equilíbrio crescente), a estrutura de capitais estabilizada e o passivo remunerado completamente controlado. É manter o caminho e atingir-se-á o equilíbrio financeiro na estrutura de capitais.’

5. Não há paciência para toda esta gente. Para os cacófagos da imprensa ignorante deste país e para os acéfalos da lagartagem e do clube condenado por corrupção que, sem saber do que estão a falar, gostam de vomitar alarvidades, em vez de se entreterem com os pormenores cómico-trágicos de mais um julgamento do vetusto senhor da noite portuense, agora também conhecido pela sua faceta de conselheiro familiar de árbitros com fétiche por fruta.

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