sexta-feira, fevereiro 03, 2006

 

Sopranetes - A Revolta dos Porcos (Final Season)

Numa semelhança evidente com um bizarro filme de gangsters trágico-cómico (numa demonstração de que ‘life imitates art’), os Super Porcalhões estão em processo de rebelião contra o seu mentor. Não falta nada: o outrora firme (apetece-me acrescentar ‘e hirto’, mas tenho as minhas dúvidas), implacável e dominador, mas agora decadente e patético gangster-mor Porco da Costa; a namorada prostituta (como num bom velho filme de gangsters, ora aí está) do Rei do Crime, Carolina Sógado; os acólitos fiéis, quais side-kicks ‘paus-para-toda-a-obra’ como o Reinaldo Reles e afins; e os criminosos a soldo do gangster-mor, mas agora revoltosos e que procuram uma nova ordem mediante a qual querem eles assumir o protagonismo - uma espécie de Frankenstein colectivo que se vira contra o mestre. Como manda o argumento-tipo desta ordem de películas, sentindo o Rei do Crime fraco e envelhecido, e revoltados com a aparente e intrigante bonomia e evidente amolecimento de métodos e com o laxismo e descuido na gestão do Polvo (que levou inclusivamente a que a polícia esteja no encalço do Padrinho), os capangas decidem agir por conta própria e tomar nas suas mãos as decisões antes transmitidas pelo Padrinho, como quando, onde e quem intimidar, aterrorizar e agredir. Imagino um dos Super Porcalhões, no bar de strip tease que – sendo fiel ao imaginário do crime – constituirá a sede e local de reunião dos capangas (terá um nome como ‘Antro das Antas’, ‘Bada Bingo da Costa’ ou ‘Reinaldo’s’), cigarro no canto da boca, a murmurar insidiosamente aos seus colegas, fomentando a divisão e a discórdia: ‘o chefe está a ficar mole…’; ‘a bófia já está em cima do chefe por causa da operação Apito Dourado, está a ficar descuidado’; ‘ nos bons velhos tempos já nos tinha dito para apagar o Holandês’; ‘temos que fazer qualquer coisa. Assaltar bombas de gasolina e vandalizar estádios adversários são trabalhos menores’. O líder dos revoltosos começará, então, a ter sonhos de grandeza e a cobiçar um quinhão maior do que aquele que o chefe lhe destinara. Imagina-se no topo do mundo, a conduzir os destinos da organização, com carros ainda melhores, reuniões com árbitros, o poder político, noites de copos com Miguel ‘Seboso’ Tavares, o Manuel Sebão. Não precisa de se imaginar com a prostituta da namorada do chefe, porque essa, não só ele, como todos os capangas da organização já tiveram. Uma indiscrição que todos haviam ocultado no passado para não suscitar a fúria do chefe (com a conivência do Number One Reinaldo Reles, que a iniciara nas artes do entretenimento nocturno) mas que agora, dado o enfraquecimento do Padrinho, já ninguém se dava ao trabalho de tentar esconder.
Decidem, portanto, fazer um trabalho por conta própria e tentar sacudir um dos managers do Clube Nocturno FC Prostitutas e Proxenetas, mas deixam indícios da autoria e são apanhados por câmaras de vigilância. O chefe e os acólitos ainda fiéis descobrem a traição e decidem isolá-los, manifestando hipocritamente o seu repúdio de forma pública pela acção criminosa, criando uma divisão na organização e alimentando a hipótese de uma guerra interna pelo poder. Sentindo o controlo da situação a fugir-lhe por entre os dedos, percebendo que as manobras de diversão ao provocar adversários na imprensa não funcionam e as autoridades a apertar-lhe o cerco (vendo velhos amigos do crime a ser acusados, como ‘O Major’ - um tipo perigoso e com os nervos à flor da pele que poderia ser interpretado pelo Joe Pesci numa adaptação cinematográfica), Porco da Costa, o Padrinho decadente, contempla a hipótese de recorrer a um dos seus colaboradores mais antigos e duros, um dos emblemáticos personagens da era áurea do Polvo, uma personagem lendária e aterrorizadora que ocupa lugar de destaque no imaginário do mundo do crime: o ‘Guarda Abel’. Porco da Costa e o fiel Reles decidem então procurá-lo e viajar para a Tailândia, depois de descobrir que ‘0 Monstro do Bigode’ (como é conhecido no meio) continua a ganhar a vida em combates até à morte em locais pútridos e abandonados pela luz.
Enquanto isso, Carolina Sógado encontra-se secretamente com o líder dos revoltosos (e, com intervalos de 10 minutos, com todos os capangas – fazendo apenas um intervalo por volta da hora de almoço para tomar um duche rápido e comprar creme para as irritações de pele) e confessa-lhe(s) que o Padrinho está velho e que a recente divisão a deixa numa situação comprometedora, uma vez que assim não sabe de que lado ficar e, mais importante ainda, sem saber onde verá o jogo contra o Glorioso nem com quem vandalizar a área do Estádio da Luz habitualmente à sua mercê. O líder da rebelião incita-a a abandonar o chefe, dizendo ‘que será de ti, Sógado, sem partir cadeiras no Estádio da Luz, ou sem os 1.525 apalpões que levaste no ano passado de nós todos durante o jogo?’. Carolina hesita…

Será que Carolina abandona o decrépito Rei do Crime e se junta às centenas de amantes? Será que Porco da Costa e Reinaldo Reles conseguem encontrar o ‘Monstro’ Abel e convencê-lo a voltar para esmagar a rebelião contra os seus antigos camaradas? Quem ganhará a batalha pelo poder? Conseguirão os revoltosos gerar mais apoio na contestação ao líder e minar a sua liderança? Ou será que não passa tudo de uma manobra concertada e engendrada pelo envelhecido mas audaz Porco da Costa, em conjunto com os seus capangas, de forma a intimidar o assalariado prevaricador Co, mas sem se expor publicamente e actuando os Super Porcalhões como ‘fall guys’, como bodes expiatórios coniventes (com promessas de compensações futuras, carros melhores, rendimentos certos)?
E será que o assalariado e capanga António ‘Cara de Cu’ Costa, um dos fiéis do Polvo, conseguirá cumprir a missão ordenada pelo Padrinho no antro de uma das suas organizações associadas, chefiada pelo acólito João ‘Naifas’ Bartolomeu, e roubar descaradamente pelo terceiro ano consecutivo o Glorioso?

Não perca os próximos capítulos dos ‘Sopranetes’…

segunda-feira, janeiro 30, 2006

 

Pela boca morre o frango


O Frango do Montijo, esse monumento ao frango sifiloso histérico, imbuído da mesma arrogância infeliz que tomou de assalto o canídeo do Sapa Pinto e o monge retardado mental que treina o Sportem, teceu (após o jogo) uma série de considerações ofensivas, deselegantes e rudes para com o Glorioso. Nada que não se esperasse, é o modus operandi da lagartagem. As poucas vezes que ganham incham como o Armando Gama com um ataque de gases. No entanto, mandaria a cautela e o bom senso que o referido moço tivesse contido a diarreia verbal e que açaimasse um tudo nada a absolutamente gratuita arrogância. A regra básica para a prática da arrogância é que tem de se ter substância para apoiar essa arrogância. Traduzido por miúdos: manda a lógica que não se seja arrogante quando não se vale um cagalhão mal cagado, porque mais cedo ou mais tarde ser-se-á ridicularizado.
Estamos a falar de um patego que será o maior passador deste lado do sistema solar, e que nos tem brindado com momentos de comédia absolutamente impagáveis na baliza da agremiação dos queques de camisolas engraçadas (vamos passar a tratá-los por AQCE: dá menos trabalho e soa como um trejeito de quem sente repulsa – Agh!). Uma espécie de Barishnikov quando salta às bolas altas, na medida em que – como o Barishnikov – as suas saídas não têm rigorosamente nada a ver com a bola.
Significa isto que acompanhar os jogos deste tropeço significará - isto é tão certo como o treinador da lagartagem pensar que dizer ‘fundamentalmente’ 250 vezes seguidas constitui um discurso elaborado - ver frangos de toda a maneira e feitio e saídas a bolas altas que poderão constituir momentos altos do burlesco.
Como tal, e como quem ri por último ri melhor (até porque, sendo o último, ecoa), cá estamos para seguir atentamente a carreira circense deste balde de esterco, e para nos divertirmos à grande com os desastres aviários semanais. E, no fim, vamo-nos rir. Muito.

Já agora, o referido Frango escusava de ter rapado a fartura capilar e desenhado patas de cão nos locais onde lhe serraram os cornos. Foi engraçado, é um facto (um frango com duas patas de cão na cabeça, assim de repente, invocou a imagem de um frango a ser sodomizado por um dobermann), mas não sei se os pais dele terão achado piada à homenagem.

domingo, janeiro 29, 2006

 

Um percalço algo aborrecido


Ontem perdemos, de forma justa, com uma agremiação desportiva de camisolas engraçadas. Fiquei um bocado chateado porque já é a segunda vez (pelo menos) esta época que perdemos pontos em casa com as chamadas equipas pequenas. Fiquei ligeiramente mais chateado com a outra derrota, porque, com o Gil Vicente, além de termos tido um azar descomunal, fomos roubados. Já sabemos que estas equipas pequenas se motivam de forma especial para estes jogos com as equipas grandes (os jogadores, habituados a jogar com assistências de poucos milhares de espectadores, gostam de se mostrar para ver se arranjam contratos em equipas grandes), e que os pontos frente ao Glorioso valem o dobro. É natural, é sempre um feito engraçado ganhar ao maior clube do Mundo. E as melhores equipas do Mundo também têm as suas escorregadelas. Faz parte do jogo, é assim o futebol. Mas 3 pontos são apenas 3 pontos.
Para estas equipas pequenas, de clubes que vivem com dificuldades, isto acaba por ser um momento engraçado, no entanto. Daí terem festejado o arrecadar de 3 pontos como se tivessem ganho um campeonato. No fundo, ganharam qualquer coisita. Um ridículo e patético campeonato, pequeno, feito à sua medida. São as únicas vitórias que conseguem ter. Só assim se percebem as provocações dos jogadores desta equipa pequena ao público do maior clube do Mundo. E só assim se percebe porque é que um pseudo-treinador com ar de retardado mental se colocou em bicos nos pés, na conferência de imprensa, e de forma arrogante e patética foi afagando o seu ego, numa atitude que roçou a masturbação mental. É próprio dos pequenos.

Para nós, que temos outras ambições, temos que nos habituar a ter escorregadelas. Há sempre Gil Vicentes, Sportens e afins que acabam por atrapalhar num caminho maior, mais importante.
Há que corrigir os erros que ressaltam destes jogos menos conseguidos para não nos darmos ao luxo de perder pontos com equipas pequenas.

No final, o nosso treinador admitiu a justiça da derrota e nem num único momento se justificou com a arbitragem, o alinhamento astral ou as taxas de juro. Fosse o treinador outro, de um clube pequeno com camisolas engraçadas, e o discurso seria diferente, pequeno, próprio da sua pequenez. A culpa nunca seria da sua equipa e dele, mas do árbitro, do primo do árbitro, da pressão atmosférica, da cuecas demasiado apertadas de alguns jogadores, que lhe apertavam os tomates.
Foram, portanto, as declarações do nosso treinador uma lição de nobreza e Grandeza. É natural, só dá lições de Grandeza quem pode. Quem é grande, e quem tem a honra de treinar o paradigma da Grandeza. As atitudes mais pequenas ficam para os outros, dos clubes pequenos, como a agremiação de queques de camisolas engraçadas.
Fica-se aborrecido porque se perdem 3 pontos na caminhada para o título, mas enfim, nada de catastrófico. Ganham-se a seguir.

E quando se mantém a nobreza de carácter e a Grandeza não é uma forma melhor, mais sã, de vitória? Quer-me parecer que sim.

VIVA O BENFICA

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