sexta-feira, setembro 08, 2006

 

Hipocrisia

Apenas mais uma nota.
Comparar os contornos da notícia de hoje com o teor das revelações sobre o Apito Dourado é de uma estupidez e má fé nojenta e inigualável. Só o pode fazer quem é estúpido e burro, quem não sabe ler ou a quem a clubite turva os sentidos.
E, no entanto, aposto que para a lagartagem agora é que o Apito Dourado se tornou merecedor de ser investigado a sério.
Hipócritas.

E não vale a pena perder mais tempo com isto. É puxar o autoclismo.

 

O Império contra-ataca

Como seria de esperar, e com tem sido hábito, o sistema contra-ataca. É curioso que, sempre que existem novas notícias relacionados com o verdadeiro teor do Apito Dourado, rapidamente surgem outras, inventadas, podres, ficcionais, como reflexo automático, como mecanismo de auto-defesa por ataque cirurgicamente dirigido. É este gigantesco caldeirão de merda que me faz pensar que este país não tem saída.
E claro que esta ‘notícia’ vai encontrar eco nos principais meios de comunicação, vai fazer primeiras páginas, vai abrir telejornais. As outras, as verdadeiras, essas naturalmente passam ao lado de seriíssima comunicação social portuguesa, esse caldeirão de prostitutas e proxenetas, gente a soldo dos poderes podres que emporcalham este esgoto, esta derivação patética de um país que já foi nobre e honrado, valente e imortal.
Até basta pensar um bocado – o que muita gente não está disposta a fazer, porque lhes dá mais jeito que assim seja. Sendo a Taça de Portugal uma competição organizada pela FPF, e os árbitros participantes para a mesma nomeados pelo seu Conselho de Arbitragem, o que é que a Liga ou o Major teriam a ver com o caso? A questão aqui, é que a notícia ficcionada teria de versar sobre algo que o Benfica tivesse ganho nos últimos tempos. Como sobre o campeonato de 2005/06 não conseguiriam inventar nada, porque foi escrutinado e seguido de perto por quem investiga o Apito Dourado – estava-se no auge do processo – tendo como consequência sido o mais sério das últimas décadas, ter-se-ia de desenterrar a Taça de 2003/04. E, naturalmente, teria de envolver o Major, para ser coerente com as últimas notícias.
Este país é controlado pela máfia. Só não vê isto ou quem é cego pela clubite e pelo ódio que a alimenta, ou quem é pobre de espírito e intelectualmente desonesto.

Volto a dizê-lo: país de merda, gente de merda.

É preciso ter coragem. Muita coragem.

quinta-feira, setembro 07, 2006

 

Santa paciência


Já sabemos que o timoneiro Scolari é um homem profundamente religioso, como atesta a sua devoção à Nossa Senhora de Caravaggio e as suas preces antes e durante os jogos.
Nada contra. Sou agnóstico e a minha filosofia de vida traduz-se essencialmente no princípio de que cada um é livre de fazer o que bem entender, como bem entender, desde que não prejudique os outros.

O que já acho mal é que a sua forma de viver a religião resvale para a palhaçada da sublimação do sofrimento como forma de libertação.
Há movimentos e ordens religiosas que usam e abusam da penitência, do sofrimento auto-infligido como forma de atingir a pureza espiritual. Algumas ordens e fanáticos religiosos chicoteiam-se até o sangue escorrer profusamente. O Scolari, por seu lado, põe o Ricardo Costa a jogar. O nível de sofrimento é, nesta circunstância, substancialmente superior ao de uma fustigação e, grosso modo, equivalente a uma das mais fascinantes torturas (do ponto de vista do torturador, naturalmente) infligidas por um religioso dominicano nos bons velhos tempos da Inquisição (e não estou a falar da Inquisição espanhola dos Monty Python).
Além disso, o sofrimento infligido pela inclusão do Ricardo Costa da equipa não vai, com toda a certeza, levar a qualquer tipo de libertação a não ser a libertação do espaço entre os avançados adversários e a baliza portuguesa.

A diferença fundamental aqui é que os iluminados que se fustigam, vivem-no como uma experiência pessoal e não causam sofrimento a mais ninguém. Já o Scolari, imbuído de devoção exacerbada, não só administra dozes de sofrimento desumano em si próprio, na restante equipa técnica e na selecção, como inflige um tormento que imagino semelhante à remoção da genitália com recurso a uma tesoura da poda em todos os portugueses e em quem segue os jogos da selecção.

É que - e pela parte que me toca - se há uma coisa para a qual não tenho claramente vocação, é para ser mártir.

A bem da diversidade religiosa, e da sanidade mental dos portugueses, Sr. Scolari, é favor deixar o Ricardo Costa onde faz sentido: no FC Porco (em cuja cultura ele se encaixa perfeitamente, como bem demonstra a quantidade de fífias e cartões amarelos que acumula).

Não convém testar a paciência divina muito mais tempo. É que, com o Ricardo Costa em campo, não há Nossa Senhora do Caravaggio, ou qualquer outra entidade divina, que lhe valha.

Ámen.

terça-feira, setembro 05, 2006

 

O país do faz de conta

Porque este é um esterco nauseabundo de um país em que a corrupção e a mentira são os alicerces da cultura do chico-espertismo e dos criminosos no desporto desde que um cancro chamado Porco da Costa decidiu impregnar o desporto nacional com o seu fedor nauseabundo. Porque, ao invés de investigar a fundo o polvo instalado nos meandros do futebol português, a carneirada mole da imprensa portuguesa prefere lançar mentiras sensacionalistas fabricadas pela máfia que gere os destinos da merda putrefacta e asquerosa do panorama futebolístico deste esgoto à beira-mar plantado. Por tudo isso, e mais algumas coisas, um dos maiores cancros que já caminhou por este país, e que o amerdalha e arrasta pela lama, e me faz ter vergonha de partilhar o com ele o mesmo espaço geográfico (outrora nobre e de gente valente) e a língua de Camões, tem um tratamento de consigliere, de mafioso de eleição. Fazem-se-lhe homenagens, é recebido na Assembleia da República, vai a programas de televisão, lança livros, enquanto o futebol deste país morre todos os dias um pouco. Por tudo isto, aqui vai uma pequena amostra – um vislumbre da ponta do iceberg, um ligeiro levantar do véu – do que se tem passado desde que o polvo tomou conta do futebol em Portugal. Imagine-se o que não se tem feito ao longo de todos estes anos.

« A investigação no âmbito do processo Apito Dourado detectou que vários árbitros foram abordados para prejudicar o Benfica na época 2003/04, revela hoje o Diário de Notícias. "A investigação do processo Apito Dourado detectou, pelo menos três jogos, durante a época 2003/04, em que houve manobras de bastidores para prejudicar o Benfica", escreve hoje o jornal.
De acordo com o DN, numa das partidas, entre os encarnados e o Nacional (que o Benfica perdeu por 2-3), foi interceptada uma conversa telefónica entre o empresário António Araújo e o presidente do clube madeirense, Rui Alves, sobre a actuação do árbitro Augusto Duarte. "Manda quem pode, obedece quem tem juízo", terá dito o empresário, citado pelo jornal.
Os indícios recolhidos pelo Ministério Público (MP) neste caso passam, sobretudo, por escutas telefónicas e foram remetidos à comarca do Funchal. O DN escreve que não conseguiu apurar se o processo seguiu para a acusação ou se foi arquivado. Segundo o MP, uns dias antes do jogo Nacional- Benfica o presidente do clube madeirense informou o empresário António Araújo da nomeação de Augusto Duarte, indica o jornal. "Rui Alves terá pedido a Araújo para este abordar o árbitro", ao que o empresário afirmou: "Pronto, eu toco a andar mesmo", disse, chegando mesmo a contactar Augusto Duarte. Segundo o diário, "ao mesmo tempo, o empresário ligado ao futebol e com negócios com o FC Porto ia dando conta das diligências a Pinto da Costa e a outros dirigentes do FC Porto". "Nota o procurador Carlos Teixeira que o FC Porto tinha interesse no resultado desse jogo, já que nesta altura do campeonato, o Benfica ocupava o terceiro lugar e ainda não estava arredado da luta pelo título", indica o DN.
Também há nos autos uma conversa telefónica entre António Araújo e Luís Gonçalves, da Sociedade Anónima do FC Porto (SAD), em que o primeiro refere ter estado a "tratar com o presidente aquela situação do Nacional", afirma o jornal. De acordo com o DN, o outro desafio que consta do processo é o Benfica-Boavista, de 18 de Janeiro de 2004. "Segundo o MP, Valentim Loureiro, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ligou a Júlio Mouco, elemento da comissão de arbitragem, sugerindo o nome do árbitro Elmano Santos para o jogo em questão, acrescentando que não queria que fossem nomeados árbitros assistentes da Madeira e de Lisboa", afirma o diário.
Nesse contexto, João Loureiro, presidente do Boavista, contactou Carlos Pinto, funcionário da Liga, para este dar um "toque" ao árbitro. "O homem tem de ser chamado à atenção", terá dito João Loureiro. O Boavista acabaria por perder o jogo (2-3) e Valentim Loureiro terá telefonado a Elmano Santos "bastante irado", segundo o MP. »

Comentários? Para quê?
Para a tripeiragem, trata-se de invenções mal intencionadas, e o Porco da Costa é um provável candidato a uma futura beatificação. Juram que está inocente.
Para a lagartagem, a culpa de tudo o que de mal acontece no futebol português é do Benfica e do Luís Filipe Vieira. Tudo vai sempre dar ao Benfica. E como agora lhes dá jeito (como acontece ciclicamente, apesar de acabarem sempre com uma saraivada de facas nas costas), fecham os olhos, contam até 10 e até acham que o Porco da Costa é inocente. Sim, porque o vilão é o Benfica. Não sabem bem porquê, mas está-lhes entranhado no sistema de convicções que assim seja. O Porco da Costa, apesar do mar de informação e indícios que apenas confirma o que toda a gente já sabe há anos e anos, será inocente, coitado, vítima de uma cabala por parte de gente invejosa. Já o Luís Filipe Vieira, esse é prontamente condenado, e não têm dúvidas - jurarão a pés juntos, sobre as campas das suas mãezinhas, paizinhos e cãezinhos - que é culpado, com base numa notícia posta a circular pela máfia deste país num dos seus veículos na imprensa.
Palavras para quê, de facto.

País de merda. Carneirada mole. Tudo isto mete nojo, tudo isto nos consome.

Mas não nos mata. Não. Apenas nos torna mais fortes.

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