O Ninho das Águias

Por motivo de descanso do pessoal, o estabelecimento fecha para férias a partir de hoje. Estarei de viagem, qual personagem tolkieniana, por castelos fantásticos e paisagens de cortar a respiração (que, no entanto, e frente ao Estádio da Luz, empalidecerão sempre – não há palácio ou castelo que albergue tamanha magia).

Como tal, e infelizmente, não sei se conseguirei acompanhar o Sportem – Glorioso e o Glorioso – Lille, para muita pena minha, nem poderei ir à Catedral testemunhar o regresso do Glorioso à Liga dos Campeões. É um testemunho da minha absoluta desorganização não ter incorporado com precisão o calendário do Glorioso no planeamento das minhas férias. Nem sei como é que isto aconteceu. Não estarei, portanto, aqui para comentar as incidências de ambos os jogos, nem o mais que provável circo à volta do derby.
Em jeito de antecipação, sei que, se o Benfica ganhar (e há-de ganhar) a rapaziada e o contingente mentalmente perturbado da direcção lagarta há-de inventar mil e uma desculpas, vilipendiar a arbitragem e vomitar mais um capítulo da sua épica e absolutamente demente e desvairada luta contra o Sistema (e ‘é o Estado de Direito que está em causa’ e ‘o Primeiro Ministro tem de agir’ e ‘o sistema domina o futebol’ e ‘nós é que somos os arautos da honestidade’ e blá blá blá). Isto é um dado adquirido. Porque, para se ser nobre na derrota, ter-se-ia que se ser honesto e honrado, que é tudo o que aquela gente não é. Porque a culpa nunca é do Sportem. É do sistema. O sistema, já percebemos é, no fundo, a totalidade do Universo, menos o Sportem.
Se, por desgraça do destino, o Glorioso não ganhar, aí utilizarão o discurso do ‘bela arbitragem, fomos tão melhores que o sistema nem conseguiu roubar-nos’ e blá blá blá. E se houver erros escandalosos de arbitragem a seu favor, se os reconhecerem (o que é tão provável como o Rui Santos ter sexo sem ser com a sua própria mão, ou o Dias Seboso Ferreira não ter piolhos na barba), dirão que os árbitros são humanos. E incharão da mesma maneira que incharam durante grande parte da época passada (antes de rebentarem, o que foi lindo).
Por isso, adianto aqui já, antes de saber o resultado, que independentemente do que acontecer, o BENFICA continuará sempre a ser o maior e melhor clube do Mundo, e o Sportem uma corja de invejosos ressabiados, resignados à pequenez de quem passa uma vida a desdenhar a grandeza dos outros. Isto nunca mudará, e isso é reconfortante.

Quanto ao Benfica – Lille, que se traduza no regresso à glória do Glorioso nos palcos europeus que tão bem conhecemos e onde nos fizemos lenda.
As 2 vitórias na Taça dos Campeões Europeus e as 5 vezes que fomos vice-campeões (7 finais e duas das quais em épocas bem recentes, ao contrário do que gostam de dizer alguns tristes de clubes sem história nem dimensão) constituem um património admirável e dão-nos o direito e angariam-nos o respeito necessário para, ancorados na mágica história desse clube intemporal que é o Benfica, mais uma vez construirmos uma dinâmica de honra, luta e vitória na Europa.

Pois então. Os orgulhosamente falidos do Sportem já têm as finanças à perna. Como já estão habituados a ouvir os jogadores a perguntar quando é que lhes pagam os salários de há 3 meses, já estão mais ou menos habituados à situação. O Sportem é daqueles trastes que seria capaz de vender a mãezinha, órgão a órgão, para ganhar dinheiro e, para manter as aparências, mandar embalsamá-la e prostrá-la desavergonhadamente numa cadeira de baloiço ao lado da lareira lá em casa. Depois, quando alguém perguntasse ou fosse lá a casa, diriam qualquer coisa como ‘ela, ultimamente, não tem grande acção. Mas está muito bem para idade’ ou ‘ah, ela não ouve muito bem. Não é, mãezinha (enquanto dão ligeiros toques com a perna na cadeira de baloiço para ela se mexer)?’

Isto será, com toda a certeza, uma manobra conspiratória do eixo do mal contra o Sportem. Sendo o eixo do mal liderado por esse instrumento da iniquidade que é o Benfica e composto pela arbitragem, a infame ditadura das finanças, os malfadados italianos de Udine, os gangsters russos do CSKA, todas as equipas que ganharem este ano ao Sportem (que serão muitas, espero) e a organização criminosa conhecida como Associação Nacional de Luta contra a Alzheimer, que há anos anda a tentar convencer o Avô Cantigas a ser internado.

Ouvir o Avô Cantigas é como pisar um cagalhão malcheiroso no meio da rua. No início dá vontade de rir, depois vai cheirando progressivamente pior e, no fim, já só queremos é obliterar qualquer vestígio daquela merda.