terça-feira, junho 23, 2009

 

Man on the Moon


A candidatura do director do Porto Canal tem a mesma génese que a presença de muita gente na oposição à actual direcção do Benfica: foi pedir esmola ao Benfica; viu-lhe recusadas as pretensões; toca a cuspir na mão que o rejeitou. O director do Porto Canal queria ser director da Benfica TV quando fosse grande. Como não lhe deram o brinquedo - e, na verdade, nunca chegou a crescer a não ser para os lados - fez birra, arranjou amigos com igual motivação e lançou de forma aparentemente inocente um blog que lhe serviu de poiso para dizer o que lhe ia na alma e debitar parvoíces. Após uns dois jantares que foram autênticos monumentos à hipocrisia e para os quais convidou estrategicamente elementos da direcção do Benfica, rapidamente se percebeu que o blog não era mais do que um quadro de recados para passear o seu exacerbado egotismo e paulatinamente começar a criticar de forma demagoga a direcção e, muito especificamente, Luís Filipe Vieira.
Isto tornou-se particularmente evidente quando, após um jantar em que lhe garantem toda a abertura para satisfazer as dúvidas que tivesse ou para discutir quaisquer ideias, dá uma facada nas costas das pessoas que o receberam com abertura e frontalidade e escreve um texto alarve e irresponsável sobre as finanças do clube, levantando suspeitas sem qualquer fundamento e tecendo considerações que me fizeram duvidar seriamente das suas habilitações – e até da sua sanidade mental - o que motivou inclusivamente dois posts meus como resposta. As trocas de impressões que tive com o indivíduo por essa altura, posso-o dizer hoje com segurança, foram um claro desperdício do meu tempo de vida.

Daí em diante tornou-se particularmente clara a sua agenda. O blog, aberto sob uma capa de inocência e celebração do benfiquismo, não era mais do que um trampolim para uma candidatura. Alguns dos bloggers cúmplices da estratégia; os restantes bloggers, incautos convidados para uma festa-surpresa.

Habituámo-nos nos últimos meses às suas diatribes ridículas e assomos de arrogância próprios de alguém com síndrome de perturbação delirante, consubstanciada num inacreditável desfasamento da realidade no que respeita à imagem que tem de si próprio.

Habituámo-nos à sua pouco saudável obsessão pela emulação dos métodos do FCP como estratégia para o sucesso do Benfica e habituámo-nos ao desavergonhado culto de Pinto da Costa.
Habituámo-nos à táctica de repetição exaustiva de chavões sem aderência à realidade, como o sistemático agitar da bandeira do passivo do Benfica de forma simplista e errada (quando eu próprio já lhe expliquei pelo menos 2 vezes o que ele devia ter aprendido nos cursos que andou a tirar: à primeira está-se errado, à segunda é-se pouco inteligente, à terceira percebe-se a agenda).
E habituámo-nos – fomo-nos habituando – ao uso dos mais variados mecanismos da mais baixa espécie, típicos de quem não olha a meios para atingir os fins.

Ainda assim, o que este indivíduo fez nestes últimos dias ultrapassa tudo. A forma como esperou até ao final do período de apresentação das candidaturas para apresentar a sua chico-espertice, de modo a evitar uma resposta em tempo útil, e a argumentação pseudo-jurídica sustentada no juízo de intenções para impedir a candidatura da direcção demissionária é de uma canalhice desavergonhada, ainda para mais quando é ele que quer violar os estatutos ao pretender candidatar-se sem ter condições para tal. E deixemo-nos de palhaçadas: é particularmente claro que não tem condições, à luz dos estatutos. Pode apresentar os pareceres que quiser, que se arranjam 20 que em sentido contrário.

A coerência desta triste figura fala por si. Chora desesperadamente por eleições antecipadas e quando lhas dão, critica a direcção por antecipar as eleições.
Quer tornear os estatutos para se poder candidatar e quando os órgãos sociais, de forma simpática e tolerante, o aceitam, invoca os estatutos para impedir a direcção demissionária de se recandidatar. Além de sofrer da síndrome de perturbação delirante, é aparentemente bipolar.

Se tem tanta confiança que vai ganhar porque é que quer evitar a recandidatura de LFV? É muito claro. O objectivo é concorrer sozinho, porque é a única maneira de assaltar o poder: está perfeitamente ciente do absoluto desprezo que a nação benfiquista tem por imitações rascas de Pintos da Costa.

O que tenho a dizer é o seguinte, e isto é uma promessa: de mim, o que podem esperar é uma luta sem tréguas, sem quartel, no sentido de evitar que gente deste calibre entre no Benfica. Não consigo sequer conceber um mundo em que esta personagem nos ofendesse a todos ao ocupar o cargo máximo do Glorioso.

É particularmente irónico que um tipo que lança uma candidatura num avião para simbolizar que o ‘Benfica pode voar acima da mediocridade’ depois se comporte com a elevação de um lacrau.


segunda-feira, junho 22, 2009

 

Os falsos profetas

É-me difícil compreender quem ficou muito satisfeito com o advento do José Eduardo Moniz, unicamente com base numas declarações de breves minutos proferidas num circo mediático absolutamente onanista, e quem chegou inclusivamente a dizer (e foram alguns) que perfilava uma hipótese muito credível para presidente daqui em diante - qual espécie de espada que ficará como que pendurada sobre a cabeça de Luís Filipe Vieira se as coisas correrem mal (como muita gente, apesar do que de forma politicamente correcta diz, vai ficar ardentemente a desejar).
É incompreensível para mim a ligeireza e diligência com que esses benfiquistas foram evangelizados, não só porque demonstra uma superficialidade que me assusta quando associada aos destinos do Benfica, mas também pela natureza dos argumentos apresentados.

Onde e quando é que este homem mostrou ser mais capaz para dirigir os destinos do clube do que qualquer um de nós? O Benfiquismo de José Eduardo Moniz, esse, descobrimo-lo agora que o Benfica é um clube apetecível com um património incomparável e um motor de geração de receitas bem oleado e não noutras alturas em que as circunstâncias e as dificuldades exigiam gente de fibra, que colocasse o seu benfiquismo onde ele contasse. Gente que fosse à luta, que desse a cara pelo Benfica, que agisse. Gente como a que apareceu. É fácil, muito fácil chegar agora que o Benfica renasceu, tem as contas em dia e está na vanguarda do equipamento desportivo a nível mundial e de forma irresponsável, egoísta e demagoga vir lançar frases feitas e lugares comuns sobre hipotéticas ‘situações financeiras preocupantes’ e sobre como ‘o Benfica não pode lugar pelo 3º lugar’. Que o Benfica não pode lutar pelo 3º lugar todos nós sabemos, mas isso não nos dá competência para ser Presidentes do Benfica. Na verdade, a única ideia que lhe ouvimos consiste na brilhante intenção de colocar José Veiga no lugar de Rui Costa. Portanto: acabar precocemente com a carreira de gestão desportiva de quem respira Benfiquismo pelos poros, de quem tem experiência nos círculos mais elevados do futebol mundial, de quem tem um know how que será um crime não explorar e de quem apenas tem uns meses de trabalho efectuado e colocar no seu lugar um indivíduo que já ganhou um mundo de comissões à custa do Benfica, que já colocou o Benfica mais de uma vez em tribunal, que apenas se tornou sócio para poder ser funcionário, mas que é elevado à condição de profeta porque colaborou numa época em que fomos campeões com base numa equipa construída por Luís Filipe Vieira e Camacho. Equipa essa que tratou de destruir, colocando paulatinamente no seu lugar a mais cara equipa de sempre em termos de remunerações.

Por outro lado, o argumento que muitos utilizam na justificação da sua ingénua e súbita veneração do director geral da TVI é redutor e sintomático da ligeireza de apreciação da situação: a competência profissional. Deixemo-nos de tretas: o que não falta por aí é gente competente na sua actividade profissional e que pagou quotas toda a sua vida. José Eduardo Moniz tornou a TVI uma televisão de sucesso (sucesso de audiências, porque a nível da programação tem a qualidade de uma fossa séptica)? E Luís Filipe Vieira, que com menos meios e instrução, criou um grupo empresarial de dimensão considerável e sucesso com uma situação económico-financeira melhor do que a TVI? E Luís Filipe Vieira, que ao leme de uma equipa de qualidade inquestionável, recuperou a credibilidade e devolveu ao Benfica a grandeza também nas suas estruturas, promoveu a genial recuperação financeira e lutou como ninguém pelo aproveitamento do gigantesco potencial de uma das melhores marcas do mundo para gerar uma base de receitas estável e que já permitiu a sua entrada na lista dos 20 clubes com mais receitas no mundo? E Luís Filipe Vieira, cuja luta incansável pelo crescimento da base de sócios tornou o Benfica o maior clube do Mundo em número de sócios e em receitas de quotizações? E Luís Filipe Vieira, que viu o Benfica ganhar 166 títulos (em todas as modalidades) sob a sua presidência? Qual, na verdade, terá o melhor currículo?

Alguma vez ouviram José Eduardo Moniz vir a público defender o Benfica em qualquer circunstância em algum dos vossos anos de vida? Algum de vocês, no vosso perfeito juízo e sendo director da TVI, não pugnaria por uma informação desportiva isenta, ao invés da abjecta qualidade dos comentários dos jogos transmitidos pela TVI, objectiva e gritantemente anti-benfiquistas? Algum Benfiquista pactuaria com isto e conseguiria dormir à noite? Algum Benfiquista conseguiria albergar gente como os comentadores da TVI? Contem-me histórias, vendam-me a banha da cobra, tentem-me evangelizar. Vão ter muito pouca sorte.

Diz ainda quem gostou das declarações de José Eduardo Moniz na conferência de imprensa (promovida apenas para anunciar que não era candidato e para sub-repticiamente lançar suspeitas maliciosas) que umas das coisas que mais apreciaram foi o suposto ‘distanciamento’ face ao Movimento dos rejeitados. Espero que depois de ouvir as declarações de José Eduardo Moniz nos últimos dias tenham ficado suficientemente elucidados. O Movimento anda há meses a dizer que José Veiga é apenas mais um, apenas alguém que lhes dá apoio. Mas depois é Veiga quem anda pelos hotéis a ‘contratar’ os candidatos do Movimento à presidência. É Veiga que é profusamente osculado nos eventos do Movimento, como Marlon Brando chegou a ser em determinadas aventuras cinematográficas. Ficou claro, muito claro, nas declarações que José Eduardo Moniz tem proferido e, muito particularmente, na entrevista que deu à RTP2, que o cargo de Director Desportivo estava garantido para Veiga. José Eduardo Moniz e José Veiga vêm em pacote, são inseparáveis. José Eduardo Moniz seria (será) sempre o candidato do Movimento.

Em boa verdade, se há algo que as declarações e a entrevista de José Eduardo Moniz demonstram é uma total irresponsabilidade e leviandade nas considerações que faz sobre o clube e a sua situação actual, o que denuncia uma clara primazia dos interesses pessoais (seus e do Movimento) sobre os interesses do Benfica.

O mais evidente exemplo dessa irresponsabilidade, que assume a forma da mais pura e dura demagogia, é a forma como diz que não foi possível aferir da situação financeira do Benfica. Para mim é muito claro: se não conseguiu foi porque não sabe fazê-lo, o que é grave; ou foi porque não quis, o que mais grave é. E isto, convenhamos, é incompreensível, sabendo nós que o Movimento anda nisto há meses. Porque eu e muita mais gente de boa fé, sem recurso a qualquer tipo de informação que não a que está publicada e a que o Benfica disponibiliza a quem a solicite, conseguimos ter uma ideia mesmo muito clara da situação financeira. Que nos permite, pelo menos, não vomitar imbecilidades intencionalmente vagas e intelectualmente desonestas.

A informação está disponível para toda a gente e, como toda a gente sabe, o Benfica é o único clube que consolida todo o seu universo empresarial (apresentando contas consolidadas globais e auditadas pela KMPG), o que não só facilita o trabalho de ‘conhecer a situação financeira’, como o torna o único clube que o possibilita, e de forma rigorosa e honesta. Quem não quer utilizar esta informação e usufruir desta transparência, das duas uma: ou não sabe (o que diria alguma coisa sobre a competência da gente envolvida no Movimento), ou não quer, porque sabe que as conclusões sobre a situação financeira não lhe serve os propósitos, e prefere utilizar demagogia barata.

É caso, aliás, para perguntar: o Movimento anda há meio ano a trabalhar e teria supostamente um project finance preparado - são alguns dos seus estrategas que o dizem - e o seu candidato diz que lhe foi impossível aferir da situação financeira do Benfica? Então em 6 meses não foram capaz de fazer o que qualquer pessoa com noções básicas faria num dia ou dois? Mais: andaram a brincar aos project finances, aos financiamentos estruturados e às projecções económico-financeiras com base em que contas? Tudo isto é incompetência, tudo isto é demagogia, tudo isto é fado.

Não pactuo com irresponsabilidades e demagogia. Não pactuo com interesses pouco claros, com negociatas obscuras e compadrios com investidores na sombra com o objectivo de, por um lado, tornar o Benfica o brinquedo/instrumento de um antigo presidente de uma casa do FCP na sua guerra pessoal contra o antigo amigalhaço Pinto da Costa e, por outro lado, para se apoderarem dos direitos televisivos do Benfica a partir da época 2012/2013.

Quanto à providência cautelar, é apenas mais um episódio na turbulenta viagem pela triste ética do Movimento. E tem como intuito, mais uma vez, a promoção dos interesses do Movimento e não aquilo que nos deve sempre mover a todos: os interesses do Benfica. É disso que se trata. É disso que sempre se devia tratar.
Resta saber se o juiz que irá apreciar a providência cautelar se rege por padrões de ética semelhantes aos do Movimento. Resta saber, mais uma vez, se o Benfica vai ser prejudicado por falsos profetas com séquitos de fiéis que gostavam, eles próprios, de ser profetas.

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