quarta-feira, julho 19, 2006

 

De volta ao que interessa, portanto

Quanto à pré-época do Glorioso, suscita-me as seguintes notas:

- o principal problema vai ser tentar arranjar 10 jogadores que se consigam superar para acompanhar o Maestro. A qualidade não tem idade, e é óbvio que tem mais classe na unha do dedo mindinho que todos os outros jogadores da Superliga, Liga Betandwin, Liga Casa de Alterne Teles, ou lá o que for que a liga se chamará este ano;

- O Beto é um profundo atrasado mental e não pode jogar no Benfica. Numa fase inicial, dá-me vontade de rir, mas como todos os filmes cómicos que pecam pelo excesso, às tantas começa-me a irritar;

- Parece-me – oxalá esteja enganado – que o Fernando Santos parou algures no tempo. O futebol actual não se compadece com uma estratégia à futebol português do final dos anos 70/ anos 80, em que se fazem 358 passes num espaço de 5 metros entre jogadores separados entre si por 5 mm, sem progressão no terreno, criação de desequilíbrios ou automatismos de ataque. Era a isto que se referiam sistematicamente os cientistas do futebol quando se dizia (vezes sem conta) que faltavam os últimos 30 metros no futebol português. Sem velocidade, criação de espaços, automatismos de criação de perigo, vai-se ter o mesmo problema para derrotar equipas mais pequenas que na era Koeman. Até agora, o perigo que se cria vem dos pés do Maestro, que desequilibra em qualquer equipa do mundo, e da irreverência de alguns jogadores, como o Mantorras. Espero sinceramente que isto seja uma primeira impressão;

- O Marcel é uma personagem de ficção. Como tal, podia chamar-se Morcela, que ao menos tinha piada. À semelhança do Beto, não pode jogar no Benfica. Há um limite para o comic relief;

- Is it just me, ou é particularmente óbvio que o Moreira é melhor que o Moretto?

- Ver o Rui Costa com a camisola 10 do Glorioso e com a braçadeira de capitão é como voltar a casa após um longo período de ausência, ou achar finalmente algo que se tinha perdido há muito tempo: It feels right;

- O regresso do Miccoli é, não só uma excelente medida desportiva, mas também uma brilhante operação do ponto de vista financeiro, face aos contornos do empréstimo;

- o Katsouranis é excelente;

- O Manu é para ficar. O Paulo Jorge também, apesar de andar nervoso;

- Dizer que o Diego é melhor que o Beto é como dizer que a Terra é redonda. Toda a gente sabe, nem é preciso dizer;

- o Karagounis está a começar a carburar;

- o Beto nunca carburará;

- O Marcel também não.


p.s. dispensam-se comentários do género: 'ah, e tal, o Beto é do Benfica, devemos é apoiar, e dar força, e tal'. Que é do Benfica, infelizmente estou muito ciente. Mas eu estou aqui é para dizer o que me apetece, ainda para mais nesta fase em que ainda não saiu a lista de dispensas. E, claro, no Estádio, se estiver em campo, nunca me ouvirão assobiá-lo, assim como nunca me ouvirão assobiar ninguém de águia ao peito. A não ser, talvez, se por exemplo, uma águia aterrar no peito de um lagarto ou de um tripurso. E aí, provavelmente, se a águia estivesse às bicadas, estaria era a aplaudir. Mas já estou a divagar...

 

A FIFA e o Cabeçudo - Ensaio sobre a Hipocrisia


Acabada que está a porno-chachada a que chamam Campeonato do Mundo, organizada pela maior organização de prostitutas e proxenetas do mundo, tiram-se (excelente prestação lusa à parte) as ilações do costume e confirma-se o gigantesco balde de esterco que é o futebol mundial.
O Zidane, que tem tanto de excelente jogador como de grandessíssimo canalha - e que ao longo da carreira já teve mais gestos anti-desportivos que todos os jogadores da selecção portuguesa juntos (e olhem que temos lá alguns que passaram pelo FC Porco, portanto trata-se de um feito) - ganha o troféu de melhor jogador depois de ter tentado bater o recorde mundial do lançamento do Materazzi (quando as razões que deram para a não eleição do C. Ronaldo como melhor jogador jovem foram exactamente questões de fair-play – coerente, portanto..).
Repare-se, não estou particularmente irritado com o que o Zidane fez. Será normal, qualquer jogador perderá a cabeça de vez em quando, não há ninguém de ferro. Trata-se, no entanto, de um tipo que já fez coisas semelhantes uma série de vezes, e insistem em beatificá-lo e fazer passar a ideia de que ele é que é a vítima. O que me enoja é a dualidade de critérios, o tratamento VIP, a hipocrisia.

Para o proxenetada que controla a FIFA o coitadinho do Zidane tem de ser desculpado, porque foi provocado pelo Materazzi, esse arauto do demónio que terá o ‘666’ tatuado algures no couro cabeludo. Quem de nós, que já jogou futebol ou qualquer outro desporto a nível competitivo, não se habituou a lidar com os insultos como fazendo parte intrínseca da vida em campo? Um jogador profissional de futebol (ainda para mais, um que é considerado o melhor ou dos melhores) tem mais é que estar habituado, de integrar isso na sua rotina de jogo. Faz parte. Não admito que se utilize o que quer que seja (o que quer que seja – nem que lhe tenha chamado ‘lagarto’, o que pode tirar uma pessoa séria do sério, passe a redundância) que o Materazzi lhe tenha chamado (e se chamou, chamou com razão – o Zidane é um filho de uma cadela desdentada) para desculpabilizar o pobre, inocente e angelical Zidane.
Fora o assunto com qualquer jogador da selecção portuguesa, e seríamos uns animais, uns selvagens, gente que não sabe o que é o fair-play. Como é o Zidane, o vilão aqui é o Materazzi, o Satanás encarnado. A pseudo-investigação que a FIFA anda a fazer à agressão do Zidane é uma farsa, uma piada de mau gosto, uma corrupção da regra do tratamento democrático. É, apenas e só, uma tentativa de se conseguir, por que formas e subterfúgios sejam possíveis, uma forma velhaca de tentar justificar e atenuar um comportamento que não tem qualquer desculpa possível. É uma solução ‘taylor made’ para o Zidane, porque qualquer outro jogador que fosse (especialmente se fosse português) seria tratado como um criminoso incivilizado e perseguido impiedosamente. É nojento, hipócrita e imoral, mas sintomático do que é a FIFA.

Estou farto da FIFA e dos acólitos que por lá pululam à busca de tacho e que influenciam todas a decisões em prol das suas selecções e países, habituados e disputar entre si a hegemonia do futebol europeu. Estou farto de jogadores reformados e que acham que por terem sido praticantes acima da média são detentores da verdade e da honra desportiva e arautos do fair-play. Estou farto de Platinis (esse estropício que passeia pelos bastidores da FIFA e UEFA em manobras subreptícias em benefício do país das baguettes), estou farto de Cruyffs, estou farto de Beckenbauers, estou farto de Pelés, estou farto de profundos atrasados mentais ingleses (ui, e é só escolher) que foram (maus) jogadores de futebol e que vomitam disparates ou que vivem com o Mourinho entalado na garganta.

Como cúmulo de tudo isto, ainda inventam (e aqui inventar é claramente a palavra mais adequada) um ranking FIFA onde as selecções sobem e descem consoante o grau de sucesso da época de acasalamento do bicho da batata na Papua Nova-Guiné. Portugal ficou em quarto lugar, limpou o sebo ao México (4ª classificada do ranking na lista anterior), à Holanda e à Inglaterra, e desce do 7º para o 8º lugar. A Inglaterra ganha a selecções poderosíssimas como a Trinidad e Tobago (à rasca), ganha ao Equador, é enrabada por Portugal e passa do 10º lugar para o 5º. Faz sentido? Faz, tanto como o penteado do Paulo Bento.

Adiante. A partir daqui voltamos ao principal. Ao que verdadeiramente interessa. Ao Glorioso.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?