terça-feira, outubro 19, 2004

 

O Domingo da Vergonha

Porque o que aconteceu no Domingo no Estádio da Luz foi grave e sério demais, ontem o dia foi de silêncio auto-imposto.
A circunstância de determinados incendiários do futebol português (e vocês sabem de quem eu estou a falar – parafraseando o ‘conspiracy theorist’ por excelência Octávio Machado) usarem abusivamente a desculpa do ‘sistema’ para justificar desaires originados por jogadores e treinadores incompetentes, leva a uma consequente ridicularização do tema – e à caricaturização dos intervenientes. Como tal, quando se assiste à verdadeira manifestação, em todo o seu escabroso alcance, do ‘sistema’, o tema já está de tal modo caricaturizado que é praticamente impossível fazer uma aproximação ao assunto sem se cair no terreno movediço dos lugares-comuns. É exactamente por força da permanente e ensurdecedora (e ensandecedora) carpideira e torrente de lamúrias por parte do Dias da Cunha sobre o monstro do ‘sistema’, que quando verdadeiramente este espraia os tentáculos (com uma atroz desfaçatez), como o fez no Domingo perante um Estádio da Luz repleto (de esperança, bem como de adeptos), não se consegue identificá-lo e lutar contra ele sem atrair os abjectos (porque injustos) sorrisos disfarçados e venenosos no canto da boca e uma sensação desconfortável de ‘dejá vu’. Apetece dizer que o Dias da Cunha fará um serviço inestimável (gostaria muito de pensar que de forma inadvertida) ao Porco da Costa ao contribuir de forma sistemática para o descrédito e ridicularização da teoria do ‘sistema’.
E, como consequência, o monstro prossegue o seu caminho inexorável da destruição e morte do futebol enquanto jogo LEAL e JUSTO. E leal e justo, meus amigos, não é (desenganem-se os arautos cínicos do facciosismo que pensariam que fosse isso) tratar de fazer com que o Glorioso ganhe sempre. Nada disso, nada mais errado. Apenas que quando perca, perca de pé, derrotado de facto pelos outros 11 jogadores da equipa adversária e não pela deturpação abjecta, revoltante e mortal do resultado desportivo às mãos de marionetas conspurcadas e amorais ao serviço do ‘puppet master’ do futebol português.

Ainda assim, e porque o fogo que me arde por dentro ameaça transbordar, não posso, não quero, deixar de aqui registar que o que aconteceu no Domingo perante um Estádio da Luz no auge do seu esplendor foi um cancro, um aborto inominável, um círculo do inferno, uma espécie de morte.

Não é assim que apagam a chama imensa. Ainda a alimentam mais. Como aqui já referi num post anterior, Nietzsche dizia que 'o que não nos mata apenas nos torna mais fortes'.

VIVA O BENFICA.

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