segunda-feira, novembro 22, 2004

 

Esclarecimento

Não subscrevo uma única linha do post 'Certezas da vida' no que se refere ao Glorioso (naturalmente, subscrevo as linhas dispensadas à lagartagem).

Dado que o meu silêncio poderia eventualmente ser interpretado como solidário com o post anterior, vejo-me obrigado a tecer as seguintes considerações:

1. O Glorioso é hoje um clube bem organizado e com uma situação económico-financeira em franca recuperação, cujos efeitos são já particularmente visíveis (de forma palpável, e sem aldrabar os sócios, como outros clubes), ao contrário de outros clubes que estão na bancarrota (leia-se lagartagem, por exemplo). O projecto do estádio corre francamente bem e o potencial do clube está a ser bem explorado. Temos um estádio, que se pagará a médio prazo (como muito boa gente sabe, e basta ler os jornais económicos) e estamos a construir o centro de estágios do Seixal (aparentemente, há quem não saiba). E mais não posso dizer (por razões que também muito boa gente sabe).

2. Se a nível desportivo as coisas não funcionam, isso é outra questão, e admito que por incompetência dos responsáveis do futebol. Não se pode misturar as duas coisas. A entrada do José Veiga é um factor de preocupação? Será, mas a nível desportivo, não a nível da credibilidade económico-financeira do clube ou dos projectos que desenvolve, factores que estão hoje controlados como nunca. Concordo com a postura do José Veiga? Não concordo.

3. O blog, como o vejo, foi concebido como um espaço eminentemente humorístico, onde se colocarão inevitavelmente posts de cariz mais sério, de forma ocasional, de modo a defender a dignidade do que é 'ser benfiquista'. Isto, na minha opinião (repare-se que se trata da minha interpretação, e que não a imponho a ninguém), não passa por criticar de forma despudorada o clube. Passa por ter padrões de qualidade elevados (e que implicam muitas vezes 'bater' no treinador e jogadores quando isso se justifica, de modo humorístico ou não), mas não dar lenha para os nossos críticos nos atacarem. Quando um próprio benfiquista acredita na cantiga de alguns clubes serem historicamente sérios e outros sistematicamente considerados como caloteiros (quando na realidade se passa exactamente o contrário), é caso para considerar que algumas melodias, tocadas até à exaustão, ficam no ouvido.

4. O espírito subjacente a esta tertúlia benfiquista (e mais uma vez é a minha interpretação - os meus colegas que me desmintam se assim não for) é um de benfiquismo acérrimo, e é daí que jorra o sarcasmo que muitas vezes inunda esta página. Isso não implica (nunca implicará!), no que me diz respeito, considerar os sócios do Benfica (aqueles que fazem sacrifícios, que vão ao Estádio, muitas vezes percorrendo longos quilómetros, e que pagam as quotas) como ignorantes ou como palhaços que não percebem as opções disparatadas e cobardes de um qualquer treinador temporário (porque os treinadores vão e vêm, e aqueles milhares sempre estarão com o clube). Se o que esse treinador faz vai contra o espírito de luta, sacrifício e coragem que eu leio no MEU Benfica, reservo-me o direito (tenho a obrigação!) – e aos milhares que lá costumam comungar as tristezas e alegrias comigo - de manifestar o meu desagrado da forma que me convier, seja sob a forma de impropério, assobio, linguagem gestual ou dança primitiva oriunda da Papua Nova-Guiné.

Um abraço benfiquista

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