terça-feira, março 29, 2005

 

Eu e a selecção

Bom, como é sabido, estou-me absolutamente a borrifar para o que é politicamente correcto, ou para o que a generalidade das pessoas considera como saudável a nível da vivência desportiva, ou para a manutenção do estado de dormência e normalidade do sistema advogado por copinhos de leite e palhaços cinzentões. Não estou aqui para apregoar falsas verdades, ou para dizer o que as pessoas querem ouvir, ou para me afogar no mar de normalidade e hipocrisia que parece dominar a sociedade e o futebol português. Aqui não há amarras.
Ok, foi muito engraçado, o Euro, e as bandeiras espetadas pelas janelas, e termos despachado os chauvinistas dos espanhóis (Viva Aljubarrota, Olivença é nossa!) e os bêbados dos ingleses e tudo isso. Qual de nós não sofreu de patriotismo exacerbado na altura? Qual de nós não cantou, no limite da capacidade pulmonar, o hino nacional, com uma lágrima no canto do olho?
Mas quando vejo um jogo da selecção hoje em dia, não me podia estar mais a borrifar. A minha preocupação é com a integridade física dos jogadores do Benfica. Os clubes pagam absolutas fortunas pelos jogadores, salários por vezes incomportáveis e depois, por força de acessos bacocos de patriotismo, assiste-se a lesões absolutamente evitáveis em jogos absolutamente ridículos (e com selecções absolutamente ridículas, que às vezes jogam mais que a nossa). E depois há seleccionadores que trabalham 15 dias por ano, que não se dão ao trabalho de ver os jogos dos clubes onde militam os jogadores que seleccionam e que recebem cerca de 150.000 € por mês que ainda têm a lata de mandar bocas aos clubes. Se ao menos se visse algum trabalho de fundo a ser feito na selecção, mas a ideia que dá é que os jogadores vão para a selecção e são lançados para dentro de campo para se desenmerdarem como entenderem. Fica-se com a noção que o trabalho psicológico e táctico a que são sujeitos nos clubes onde trabalham é desbaratado numa semana de trabalho anárquico na selecção. Com a agravante de que se podem lesionar. E a entidade patronal, que investe tudo na prossecução de objectivos legítimos, tem mais é que comer e calar. E ainda leva bocas de seleccionadores preguiçosos.
Como tal, e dado que hoje em dia, o Benfica é o clube nacional que contribui com maior número de jogadores para a selecção, o que desejo acima de tudo é que nenhum deles se lesione no jogo de amanhã. Essa é a verdade. Nua e crua. E se Portugal ganhar à Eslováquia, naturalmente fico satisfeito. Especialmente se for com um golo do Simão, do Manuel Fernandes, do Miguel ou do Nuno Gomes (ou do Quim, com um pontapé longo).

p.s. espero também que o seleccionador continue a esquecer-se do Ricardo Rocha nas convocatórias. É menos um com probabilidades de se lesionar.

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