quarta-feira, abril 27, 2005

 

Alergias

No meio dos dejectos do costume, que espalham com veneno a sua alergia ao vermelho e o seu anti-benfiquismo primário pelas páginas de papel higiénico (que é isso que são a maioria dos jornais desportivos) deste país, como o excremento nauseabundo do Bernardo Ribeiro, o vómito asqueroso do José António Lima, a víbora Miguel Sousa Tavares e outros que mais, é justo dizer que existem, ainda assim, alguns jornalistas que merecem uma palavra de apreço pela clarividência e justiça do que escrevem. Maior ainda é o seu valor porque devem ser pressionados para escrever outras coisas pelos podres poderes e linhas editoriais, que parecem dominados pela cor do ranho (o verde).
Desta forma, elogie-se o que escreve esta semana - à semelhança do que se deve elogiar todas as semanas e que sai da pena da Leonor Pinhão - o Fernando Guerra, n’A Bola.
Transcrevo algumas passagens, porque é tudo da mais pura e elementar justiça e verdade:

'Alergia ao vermelho

NUNCA na história do futebol português um Estoril-Benfica desencadeou tamanho aranzel, com epicentro aparente na decisão da administração do clube da Amoreira em solicitar a alteração do local do jogo para com isso arrecadar receita substancial e com ela solucionar também não todos, obviamente, mas alguns dos mais prementes compromissos financeiros.
(...)
Tanto foi o frenesim colocado no verbo que até ficou a ideia de se ter testemunhado coisa nunca vista e de noutras alturas não ter sido seguido idêntico procedimento com o mesmo objectivo. Não só com o Benfica mas essencialmente com ele, por ser o clube que mais adeptos arrasta e por ser o que maior volume de dinheiro faz entrar nos cofres dos adversários visitados. Foi assim agora no abandonado Estádio do Algarve, já tinha sido assim em Vila do Conde e repetiu-se o quadro em muitas outras circunstâncias que se perdem no esquecimento, ao ponto de ansiosamente se esperar por esse momento mágico para equilibrar o deve e o haver, de aí ter entendido mal o abespinhamento que ora se verificou com o Estoril, clube de fracas assistências e de reduzidas receitas, a ver-se apadrinhado por espontânea onda de solidariedade encapotada que apenas conseguiu trazer à colação mal-entendidos e distorções, justificados pelo simples facto de o Benfica ocupar o primeiro lugar da classificação e situar-se em posição privilegiada para chegar ao título nacional.
Andasse ele pelo terceiro ou quarto posto, com atraso pontual que sossegasse terceiros e quase garantidamente nenhuma voz indignada se levantaria, tivesse sido o jogo no Algarve, em Madrid ou na Patagónia. O problema, e não me ocorre outro, é esse e só esse. O que sempre foi normal quando se alteraram locais de jogos para a Maia ou para o 1º de Maio, por exemplo, transformou-se num pecado sem remissão porque, imagine-se, o treinador estorilista considerou que lhe seria benéfico fazer este jogo, especificamente, num estádio mais pequeno para reduzir a assistência e aliviar a pressão, o que vindo de um responsável técnico jovem e com ambição de fazer carreira tem de ser encarado com preocupação, na medida em que deixa escapar uma ideia de PEQUENEZ que julgava em vias de extinção sobretudo nesta nova geração de técnicos que tendo em José Mourinho a principal referência nem se dá ao trabalho de se debruçar sobre o que ele pensava e afirmava quando da sua passagem pelo União de Leiria. Fica a ideia de que o Estoril estava à espera deste encontro para equilibrar a época, nas finanças e pelos vistos na vertente desportiva, como se pudessem ser estes três pontos que lhe fugiram os verdugos de uma despromoção que se adivinha. Sem querer, acredito, atribuiu-se ao compromisso algarvio a importância de uma panaceia para as doenças contraídas ao longo das 29 jornadas anteriores, devendo recordar-se que em casa, nos tais campos sem pressão e com pouca gente, apenas o Penafiel e o Beira-Mar registam maior número de derrotas. Sabe-se lá por que razão, o treinador estorilista caiu na via do excesso e extravasou a competência ao entrar em colisão com uma medida de que ele pode discordar, mas que devia ter resguardado.
(...)
Ao pretender estabelecer-se uma relação sem nexo entre a figura de António Figueiredo e o Benfica, fomentou-se um escândalozinho sem ponta de jeito, como se fosse situação original esta de dirigentes ou presidentes de pequenos clubes serem adeptos dos grandes, e anunciarem-no sem medos nem vergonhas. E acompanharem-nos com regularidade nas presenças internacionais. O treinador estorilista baralhou tudo e foi pena. O problema é o Benfica estar mais próximo da meta e haver muito boa gente para quem o vermelho é sinónimo de alergia incontrolável... Percebe-se, mas impõe-se tolerância, sensatez e elegância no que se faz e no que se diz.'

O Benfica em primeiro faz muito mal a uma série de fígados lagartos (e tripeiros, claro, mas maioritariamente lagartos) que proliferam e procuram controlar a imprensa deste país. Preparem-se, agora que o Major Capone voltou, para uma próxima jornada fecunda em manobras e erros de arbitragem no sentido de prejudicar o Glorioso. Temos de estar atentos e jogar o dobro que normalmente é preciso para ganhar os jogos daqui em diante. Todas as forças convergem contra o Benfica.
É preciso determinação e coragem para ultrapassar tudo e todos.

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