quarta-feira, junho 29, 2005

 

Conversas com um piaçaba (ou 'Avô Cantigas in the Sky with Diamonds')



Esquecendo o facto de que se tratava de uma entrevista a um objecto inanimado, como ficou bem patente nos vários momentos de silêncio confrangedor e doloroso (até para nós, público), a entrevista atingiu o patamar humorístico de um dos melhores episódios da 2ª série (a melhor) do Monty Python Flying Circus, do Seinfeld, da visão do João Pedro Pais a ser atirado do topo da barragem de Castelo de Bode ou até de um treino administrado pelo Eduardinho. Senão, vejamos. Ficámos a saber que:

- Nos últimos dias, num jogo Sportem – Benfica do campeonato de infantis (o palco mais influente e poderoso do futebol português, que movimenta milhões e milhões de Euros) o simpático Avô Cantigas, nos 5 minutos que esteve acordado, registou uma escandalosa arbitragem a favor do Benfica, o que justifica, sem qualquer sombra de dúvida, que o sistema continua a funcionar na sua plenitude;

- O Benfica não mereceu ser campeão, apesar de ter limpo o sebo à lagartagem e de os ter despachado na Taça. Não, quem merecia era a equipa (espaço para gargalhadas) com camisolas engraçadas que ficou em terceiro e que não ganhou um cagalhão. Peço desculpa, ganhou a Taça Amizade. Mas isso nem chega a ser um cagalhão. É um daqueles patéticos fios de produto intestinal que apenas saem após minutos de esforço e depois de se ter feito força suficiente para sair um filho;

- O Benfica foi levado ao colo por uma sociedade secreta que domina os meandros do futebol, à revelia do Luís Filipe Vieira. Essa sociedade secreta é composta por elementos perigosos que dominam a arbitragem e as nomeações, que dizem ser do Sporting, e que até são sócios, mas que, na verdade, não passam de espiões infiltrados pelo Benfica. No fundo, cumprem uma espécie de missão de sacrifício para um bem comum própria de filmes de espionagem da primeira metade do século. Os elementos dessa sociedade secreta têm cerca de 20 tentáculos, sabem todas as letras dos Abba e respiram pelas palmas dos pés;

- O Luís Filipe Vieira e o Benfica são duas coisas diferentes e que não podem ser associadas, apesar do primeiro ser o presidente do segundo. LFV = Bem. Benfica = Mal. Para nós, benfiquistas, as coisas são mais fáceis de interpretar: Sportem = merda; Dias da Cunha = merda. Como tal, não conseguimos separar as coisas;

- O sistema só funciona quando o Sportem não é campeão. O facto do Sportem ter ganho o último campeonato, com o pleno funcionamento do Sistema, com 1.347 penalties (95% dos quais inexistentes) e de ter estado 5 anos sem que lhe fosse assinalado um penalty contra são absolutas coincidências. Da mesma forma que o bombardeamento de Pearl Harbor e o facto de estarem nesse momento a passar uma batelada de aviões japoneses foi uma absoluta coincidência;

- O Pai Natal, a Fada dos Dentes, o Coelhinho da Páscoa, um elemento da direcção do FC Porco sem acesso a putas de borla e um sportinguista com fairplay (portanto, tudo entidades fictícias) constituem o núcleo duro do Sistema;

- o piaçaba tem um controlo com a contabilidade dos pontos resultantes dos jogos em que o Sportem foi prejudicado, ou que foi beneficiado, e o saldo é muito prejudicial ao Sportem. Pronto, se tem um controlo, e foi feito por ele, é porque deve estar certo.

E, agora, o mais espantoso de tudo (rufar de tambores):

- Nos dois anos em que o Sportem foi campeão com o Sistema em pleno funcionamento, foi-o porque levado ao colo por uma sociedade secreta de lagartos que dominava os meandros do futebol, à absoluta e total revelia do presidente do Sportem. Essa sociedade secreta era composta por elementos perigosos que dominavam a arbitragem a favor do Sportem. Ressalve-se, o presidente do Sportem não teve nada a ver com isto. Não sei se isto ficou claro: o presidente do Sportem não sabia de nada. Para que não restem dúvidas, o presidente do Sportem não tinha conhecimento de rigorosamente nada. Registe-se que o presidente do Sportem nunca teve nada a ver com isto. É de assinalar que tudo isto foi feito sem o conhecimento do presidente do Sportem. Nunca o presidente do Sportem teve o conhecimento do que quer que fosse. É preciso ter em atenção que o presidente do Sportem nem nunca sequer sonhou que isto acontecia. Quero aqui reforçar a ideia que o presidente do Sportem nunca, mas nunca mesmo, soube de nada. Nem nos seus mais loucos sonhos (aqueles em que, vestido de lingerie, era espancado com bacalhaus por um conjunto de árbitros vestidos de Abelha Maia) sequer imaginou o que se passava. Não senhor. Nope. Non. Nein. Nunquinha. Ah pois não.

Na sequência de entrevistas a objectos e utensílios de casa de banho, esperamos ansiosamente o programa da próxima semana, em que será entrevistado um rolo de papel higiénico com Alzheimer (para não destoar).

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