quarta-feira, novembro 02, 2005

 

Notas Soltas II (ainda não encontrei um elástico)

Pois é. Ao contrário do que o boca de jarra do Cajuda quis fazer transparecer, a Naval mostrou-se uma equipa cobarde e traiçoeira (no pior sentido do termo) colocando, não um autocarro, mas toda a frota de autocarros nacional em frente à sua baliza. O que se viu na Figueira da Foz foi um jogo imoral num campo que nem merece esse nome, dado que já vi hortas pisadas por vacas com melhor aspecto. A sorte, madrasta para o Glorioso, presenteou a cobardia com um golo merdoso que precisou de ser desviado por um defesa para entrar. E depois, foi o que se viu. Anti-jogo no seu esplendor. A glorificação da injustiça. Felizmente o bravo Nuno Gomes, que lutou como um herói, à semelhança do resto da equipa (e aqui faço uma homenagem à abnegação da mesma), tornou a injustiça ligeiramente menos revoltante. Porque, convenhamos, só uma equipa foi corajosa, só uma equipa jogou futebol, só uma equipa quis ganhar o jogo, só uma equipa quis marcar golos, só uma equipa produziu algo que se parecesse com o espectáculo de jogar futebol. E essa equipa foi o Benfica. Do outro lado, acantonados num lamaçal, cerravam fileiras um conjunto de medrosos que passam por equipa de futebol e que fizeram da destruição do futebol a base da sua actuação. Depois de ver a vergonha de jogo que a sua equipa fez, o Cajuda ainda teve a monumental lata e atroz desfaçatez de vir dizer que a sua equipa, como ele tinha previsto, jogou sem medo. Basicamente, é o mesmo que os espanhóis, depois de Aljubarrota, virem dizer que ‘como prevíamos, fomos superiores’.
E, com franqueza, não quero saber se o Cajuda no fim veio a público confessar o seu benfiquismo, o de toda a sua família e do cão. Como profissional que é, isso não conta (ora aí está uma razão pela qual eu nunca conseguiria treinar uma equipa que jogasse contra o Glorioso).
As pessoas mantêm a sua dignidade a falar verdade e a serem coerentes. Se é, de facto, benfiquista, ninguém lhe levaria a mal ser profissional e levar a sua equipa à vitória. O que levamos a mal é ser aldrabão, porque, ainda para mais sendo benfiquista, fica-lhe mal. Se a Naval tivesse encarado o jogo de frente e de forma leal e honesta, e tivesse ganho ou empatado, nós – os benfiquistas – como desportistas que somos, dar-lhe-íamos os parabéns e seguiríamos em frente. O que não podemos tolerar é que, tendo o Benfica dominado por completo o jogo, criando futebol e fazendo as despesas do espectáculo contra um grupo de terroristas que se limitaram a destruir, enfiados na sua grande área, o Cajuda venha depois mentir com todos os dentes que tem na boca e venha dizer que, como havia prometido, a Naval não teve medo.
Teve, sim. E muito. Diria que se borrou. E como a sorte às vezes protege os cobardes, safou-se com um empate. Ainda mais imoral a situação é (esta digna do Yoda foi), porque a Naval, morta de medo (ah pois é, sr. Cajuda) adiou o jogo da Taça para preparar o jogo contra o Glorioso. E afinal quem é que lutou heroicamente todo o jogo, quem é que batalhou e conseguiu jogar futebol num autêntico lamaçal sob um dilúvio bíblico, quem é que aguentou robustamente até ao fim? O Benfica, que tinha tido um jogo dificílimo contra o Leixões a meio da semana.
Equipas como esta e o Gil Vicente tiram brilho à Liga Portuguesa e envergonham-nos a todos, porque fazem da cultura do anti-jogo o seu modo de vida. Se de facto não há condições para ter tantas equipas na Superliga, não as tenhamos. Porque ninguém no seu perfeito juízo paga um bilhete para ir ver jogar uma equipa destas.
Reparem, eu admito claramente que estas equipas pequenas tenham de lutar com os meios que têm (se bem que isso diminua a liga portuguesa). O que não admito é que depois de assassinarem o futebol durante 90 e tal minutos venham, mergulhados na mais nauseabunda hipocrisia, dizer que foram ‘corajosos’, ‘inteligentes’, que ‘mereceram os pontos’. Assumam o que são e o que fazem. Só lhes dá dignidade.

Como a sorte é madrasta e por vezes, como disse, protege os cobardes, o Sportem apanhou-se a ganhar sem saber como, dado que levava um absoluto banho de futebol do Boavista. Felizmente, a injustiça foi algo atenuada e a melhor equipa ainda conseguiu empatar. O retornado do futebol do Sportem, um pateta de seu nome Carlos Freitas, queixou-se da arbitragem. Na mediocridade, brilha novamente o farol do sistema. Isto cansa. Cansa muito. Já nem piada tem. Temos um Avô Cantigas-wanna be.
Sou obrigado a concordar com o Miguel Sabugo Tavares (e isso causa-me náuseas, acreditem). Este pateta do Sportem queixa-se de um penalty que não o é aqui nem em parte nenhuma do mundo (talvez o seja no medíocre mundo em que vive o pobre senhor), mas não se lembra de dizer que o 0-2 é precedido de uma falta gritante do profundo atrasado mental do Beto. Pois é, é o sistema. Mas é o mesmo sistema que lhes deu os últimos campeonatos. E cheira-me que é o mesmo sistema que permitiu o golo da Naval em fora de jogo. Oxalá me engane.

Quanto a hoje, faço votos para que consigamos construir o Inferno da Luz contra o Villareal. A equipa merece. E, no fundo, todos nós, a nação benfiquista, merecemos. Haja coragem. Vão ao estádio, façam pela vida. É a nossa forma de ajudar, é o nosso dever. Façamos a nossa parte e contribuamos para a vitória. E se perdermos, que percamos de cabeça erguida, sabendo que fizemos o possível, que demos o máximo. O Benfica não merece nada menos que isto.

Vemo-nos lá. No estádio.

Viva o BENFICA

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