segunda-feira, dezembro 12, 2005

 

Alma benfiquista - Regresso ao futuro

Estou de volta. Por circunstâncias e afazeres inadiáveis (e importantíssimos), até agora foi-me impossível aqui vir e elaborar sobre o Glorioso. Não, é mentira. Foi - that much is true - falta de tempo, de facto, mas também uma espécie de promessa. Um sacrifício em prol do bem comum, do Glorioso. Depois de tentar todas a estatégias pseudo-supersticiosas que tive oportunidade de imaginar, queria-me certificar que o Benfica ganhava contra o Marítimo e contra o Manchester. Por isso, tentei a estratégia que faltava experimentar: não escrever aqui sobre nenhum dos jogos. Remeter-me a uma espécie de retiro espiritual com o objectivo de fortalecer o Glorioso.
Acabado de chegar do Estádio da Luz, após mais uma fulcral, categórica e justa vitória sobre o Boavista, e liberto finalmente dos afazeres que me amordaçaram nestes últimos tempos, retorno, qual filho pródigo, à casa por um período abandonada.
Até agora não havia conseguido conjurar, de modo coerente, as palavras que fizessem justiça ao que se passou no dia 7 de Dezembro de 2005 no Estádio da Luz. No estádio do Maior Clube do Mundo, casa da mais espantosa alma colectiva que este planeta teve a honra de albergar. O Benfica é tudo isto. Os jogadores, os treinadores, as lendas, as jogadas míticas, os estádios imponentes e avassaladores. É o imenso mar de gente que o ama. Mas é mais, muito mais. E é acima de tudo, algo que tudo isto transcende. É um burburinho avassalador de imensos milhões de almas, é um amar perdidamente uma ideia, um ideal, uma abstracção, a Águia. É a alma colectiva que tudo torna possível, que permite a jogadores e treinadores transcenderem-se e elevarem-se acima do possível aos simples mortais. É algo que não se consegue explicar, mas que se entende, que se sente numa noite como a de 7 de Dezembro, ou como a de hoje. É uma entidade que nasce do ser Benfiquista, de ser mais alto do que os homens, da conjugação de sonhos e vontades de milhões e milhões de almas, dos mundos que cada um de nós é.
No dia 7 de Dezembro de 2005, o Benfica deu-me um dos melhores presentes de aniversário que já tive. Sim, a vitória sobre a adversidade (contra a velhaca e triste corrente anti-benfiquista, contra o fatalismo de ter quase meia equipa titular lesionada, contra o azar crónico que teve nos últimos jogos) e sobre o passado. Sobre a arrogância, sobre o destino, sobre as hipóteses racionais. No dia 7 de Dezembro de 2005, ancorado nesta imensa alma que tudo permite ultrapassar, o Benfica fez a ponte entre o passado e o futuro, e voltou a casa, ao inferno vermelho das competições europeias que atemoriza os adversários.
No dia 7 de Dezembro de 2005, o Benfica – qual amigo profundo e conhecedor do que mais me faria feliz – deu-me a beber parte da alma.
Acima de tudo, nessa noite mítica, o Benfica ganhou uma equipa.

Não há, não deve haver em mais nenhum local neste mundo, tamanha conjugação e coordenação de sonhos, esperança e fé como nesta entidade abstracta, nesta alma que leva o Benfica ao colo. Não sou um homem religioso. Mas acredito nisto. Se alguém me perguntar, não há nada mais profundamente religioso que este fenómeno que é o Benfica.

Obrigado, Benfica. Por tudo.

VIVA O BENFICA

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