quarta-feira, novembro 22, 2006

 

Duas ou três notas soltas (agora a sério)

Acho no mínimo irónico que o Miguel Sabugo Tavares tenha uma 'crónica' (espaço para gargalhadas estridentes) n’A Bola chamada ‘Nortada’, quando esse espaço versa única, exclusiva e sistematicamente sobre o Benfica. Acho irónico porque o homem (mais uma vez, uso o termo de forma liberal) mais não faz do que confirmar a Grandeza do Glorioso: o Benfica é a força motriz deste país e está no pensamento de toda a gente e, muito especificamente, da malta do norte (não só da multidão benfiquista que lá vive, mas também de quem é de uma clubeta amerdalhada e vive obcecado com o Maior Clube do Mundo). Que a 'Nortada' seja uma espécie de tributo, de reconhecimento, de vassalagem à Grandeza do Benfica tem, portanto, a sua piada.

Quanto à saída do jovem Veiga, I have mixed feelings. Nunca o escondi, não sou particular adepto da forma de estar do personagem e nunca me pareceu que tenha trazido uma bagagem a nível desportivo tão interessante como poderia trazer (Laurent Robert, Manduca, Marco Ferreira, Marcel, Fernando Santos...).
Por outro lado, e por todos os erros que o homem possa ter feito (e devem ter sido alguns), acho piada que neste país a justiça só funcione, e de forma particularmente célere, para alguns. Para outros, o compadrio e o tráfico de influências são de tal forma poderosos que impedem o andamento dos seus processos em condições normais. Esses outros, conhecidos por anos e anos de corrupção, mentira, crime e rebuçados, teriam sido avisados por algum dos seus acólitos no sistema judicial português e não teriam sido apanhados de surpresa (e a casa teria sido misteriosamente esvaziada durante a noite).
Acresce o facto do verdadeiramente asqueroso espectáculo mediático montado por esse excremento televisivo, essa verdadeira praga dos nossos tempos que dá pelo nome de TVI. Numa manobra digna do David Copperfield, fizeram uso dos seus insondáveis poderes extra-sensoriais e ‘adivinharam’ a hora, local e as circunstâncias do arresto dos bens do homem, e apareceram miraculosamente no local, providencialmente munidos de uma equipa de reportagem.
Surpreendentemente ou não, a TVI tem acesso livre a conferências de imprensa e outros quaisquer acontecimentos mediáticos nas instalações do FC Porco (incluindo a rede de casas de alterne). Nada que não lhe fosse já garantido pela invulgar ‘isenção’ dos comentadores desportivos dessa casa de alterne televisiva na apreciação de jogos do Benfica, por comparação com os do FC Porco. Já a RTP não usufrui do mesmo estatuto, por força do sketch dos Gato Fedorento sobre o Porco da Costa, e foi-lhe banido o acesso às instalações do FC Porco. Na minha humilde opinião, isso constitui uma verdadeira manobra de saneamento da programação da estação pública, e uma das poucas circunstâncias em que a RTP está, de facto, a desempenhar um serviço público.

Cada vez tenho menos pachorra para este país de atrasados mentais. Qualquer coisa serve para atacar o Glorioso, esse bizarro passatempo nacional em que se embrenham os pobres desgraçados que não têm a bênção de ser do Benfica. Por isso, a lagartagem e a tripeiragem insistem em atrelar as acusações feitas ao José Veiga ao Benfica, para ver se pega.
Não pega.
Uma coisa não tem - como qualquer pessoa com um QI superior a uma pedra da calçada (logo, qualquer pessoa que não seja lagarto ou tripurso) facilmente percebe - rigorosamente nada a ver com a outra. Nada do que Veiga é acusado (acusado, sublinhe-se) foi feito enquanto ao serviço do Glorioso nem tem rigorosamente nada a ver com o Glorioso. Já o mesmo não se pode dizer da natureza das acusações aos arguidos do Apito Dourado, que estão intrinsecamente ligadas aos clubes (aqui também uso a definição lata de ‘clube’: associação criminosa seria um termo mais adequado) que representam. Eu percebo que, para desviar atenções da merda que são e dos criminosos que têm como dirigentes, usem tudo e mais alguma coisa para atacar o clube que mais sofreu com os anos de crime e corrupção no futebol português. Mas não pega. Entretenham-se a arranjar outra coisa.

Uma última nota para o caso da contratação do João Pinto para o Sportem. Há quem na imprensa mencione a ‘transferência’ do Benfica para o Sportem. Já se sabe, a inteligentíssima classe jornalística portuguesa gosta de usar palavras para ver se pegam. E depois a carneirada mole vai usando, à discrição. Esta também não pega. O João Pinto foi dispensado pelo Glorioso (mal, na minha opinião, e sempre o disse: durante muitos anos foi dos poucos que honrou a camisola gloriosa) e até jogou o Mundial sem clube. Entretanto, o Sportem achou por bem contratá-lo. Não há aqui, portanto, qualquer ‘transferência’.
Acho, também, particular piada a que na altura o Sportem se tenha vangloriado (fanfarrões, como sempre) da contratação a ‘custo zero’, quando agora se descobriu que pagou uns 5 ou 6 milhões de Euros sem – o que é mais curioso – saber a quem (só sabem que foi para uma off shore). Procurem bem. Até podem estar em contas off shore de ‘sérios’, ‘dignos’ e ‘honrados’ dirigentes lagartos. Pois é.
Entretanto também se descobriu que estão no clube 850.000 Euros associados à transferência que nunca foram reclamados. De acordo com o Público (que nestas coisas o Record não gosta de mexer, fazem-lhe confusão) ‘os responsáveis leoninos só emitiriam uma ordem de pagamento caso lhes fosse entregue um recibo e este, por razões que o Sporting diz desconhecer, não chegou a dar entrada em Alvalade’. Não receberam recibo, deixa-os abotoarem-se ao dinheiro. Vou explicar o curso normal das coisas. Factura ou documento comprovativo da operação, pagamento, emissão de recibo na hora do pagamento como disclaimer para o indivíduo que paga ficar com prova que cumpriu o seu dever de ressarcir a dívida. O que a lagartagem diz é que ‘não recebemos recibo, não pagámos’.
Pois, também deve estar na conta off shore de dirigentes ‘sérios’ e ‘honestos’.

|

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?