quarta-feira, dezembro 06, 2006

 

Absolutamente normal


Tenho recebido vários pedidos (de várias famílias) para aqui escrever sobre a vitória do Glorioso no Alvalixo, mas devo confessar que tenho alguma dificuldade em perceber a insistência.
Todas as semanas jogamos contra agremiações de pequena dimensão, algumas com camisolas mais sóbrias (e dirigentes menos dados a noitadas com 257 garrafas de Johnny Walker), e não vejo este tipo de agitação.
Para mim, é como se o jogo tivesse sido contra a Naval (que tem, curiosamente, umas camisolas iguais) ou o Lourinhanense. Temos 28 vitórias e 15 empates em casa da Agremiação de Queques de Camisolas Engraçadas, contra 30 vitórias desta simpática associação circense.
Convenhamos, não é exactamente um campo difícil. A nossa vitória foi absolutamente normal.
Já o jogo de hoje - contra o Man Utd - esse sim, é um embate com um clube já mais próximo da nossa dimensão e estatuto (ainda assim, mais pequeno: como o Glorioso não há nenhum).

Adicionalmente, manda o espírito da quadra festiva que se tenha uma especial atenção pelos desfavorecidos e pobrezinhos. Portanto, há que ser tolerante para com a clubeta dos fidalgos falidos e vice-presidentes badochas com ar de hemorróidas, ainda para mais quando são evidentes as semelhanças com a Casa Pia, outra instituição de solidariedade que também faz muito pelos miúdos.
Com aquelas camisolas, aquele estádio, aquela gentalha dirigente, aquelas claques e o Miguel Ângelo dos Delfins como adepto, têm já tanta coisa por que chorar – o castigo é de tal ordem, o destino de tal forma inclemente - que me parece desnecessariamente cruel relembrá-los da sua mediocridade.
Olhemos para o lado, façamos um ar incomodado, tapemos o nariz e preocupemo-nos com coisas mais importantes e dignas de um clube da nossa dimensão.

p.s. estou a ser especialmente tolerante, registe-se, tendo em conta que o jogo de ontem em que a miudagem da Casa Pia de Alvalade foi comida (salvo seja) por aqueles simpáticos moços russos que não ganhavam um jogo da Liga dos Campeões há 6 anos e 22 jogos, assumiu para mim uma natureza traumatizante. Explico-me: vou ter pesadelos por largos anos com aquelas tias matrafonas de casaco de peles que estavam no camarote presidencial da lagartagem a fumar charuto, alinhadas em linha recta (e não diagonal) por trás da Avestruz de Alvalade e dos outros infelizes capangas. Devia ser naquilo que o jovem Shakespeare estava e pensar quando incluiu as três bruxas no Macbeth.

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