quinta-feira, dezembro 14, 2006

 

O insustentável peso do ser...inútil


Este moço anafado que ocupa o tacho de Secretário de Estado do Desporto não está preocupado com o processo do Apito Dourado.
Não está preocupado com os anos e anos e anos de corrupção, mentira, crime, viciação de resultados, rebuçados, galões e afins. Não está preocupado com o polvo que controla o futebol português há mais de 25 anos, não está preocupado com agressões encomendadas, com a transformação da ida a um estádio da cidade do Porto numa caminhada pelo inferno, com o historial de agressões nesse estádio, com o tráfico de influências entre a gente que tem morto o futebol e a justiça. Não está preocupado com a total corrupção da arbitragem, com a compra de campeonatos e campeonatos através de uma intrincada teia de relações criminosas, com ameaças de árbitros internacionais a magistrados, com a perseguição dos magistrados associados à investigação do Apito Dourado por gente encarregada de os amedrontar. Não está preocupado com a cultura de medo que se vive no futebol português há décadas, não está preocupado com a mentira que é o futebol português há décadas, não está preocupado com a merda em que nada o futebol português há décadas.
Não está preocupado com denúncias de gente que viveu de perto tudo isto. Não está, definitivamente, preocupado com livros como o que o Procurador Geral da República (que, esse sim, se parece preocupar) anda a ler.

Não.

Está preocupado, ao invés, em perseguir o Nuno Assis. Em encetar uma vingança pessoal contra quem pôs a nu a profunda incompetência e incontornável inutilidade dos imbecis do CNAD, de quem os tutela e de quem, numa perspectiva corporativista de protecção do tacho, lhes cobre a imbecilidade.

O que faz um Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, na verdade? Quais as suas funções, as suas competências, as suas atribuições? O que faz no dia a dia, como é que influencia essas entidades abstractas – a Juventude e o Desporto - que, aparentemente, secretaria? De que forma se nota o seu trabalho, qual é a contrapartida que temos, enquanto cidadãos de um Estado de direito que paga a um governante uma soma ofensiva para ostentar o epíteto de ‘Secretário de Estado da Juventude e do Desporto’?
Vai a festas de liceu e de faculdade? Vai para os camarotes dos estádios (porque ir para as bancadas, confraternizar com a ‘Juventude’ não lhe parece próprio) emborcar copos e ver jogos? Vomita discursos sobre a esperança na ‘Juventude’ e sobre os benefícios do ‘Desporto’ para a saúde? Vai para a Cova da Moura tentar convencer a 'Juventude' a deixar os gangues e a começar a jogar Badminton?

O que faz este moço? Qual a sua utilidade? Para que serve?

A resposta é simples, e todos a sabemos: nada. Absoluta e rigorosamente nada.

Eu, pessoalmente, sinto-me ofendido por saber que os impostos que pago servem para pagar a este 'jovem' que suspeito que não pratica 'desporto'.
Numa altura em que o Governo esbraceja histericamente em todas as direcções espremendo até à náusea o argumento do emagrecimento da despesa (com o intuito de diminuição do défice orçamental) como justificação para os cortes na função pública, não seria da mais elementar justiça – não constituiria uma medida exemplar, não legitimaria a sua posição – começar exactamente por quem é principescamente pago com os impostos de todos nós para andar (apenas e só) a brincar às vinganças pessoais?

Parece-me que sim.

Quem se demite das suas responsabilidades devia ser o primeiro a ser demitido.

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