quinta-feira, março 15, 2007

 

Tempo


Se tivesse tido tempo teria escrito aqui sobre as vitórias do Benfica. Sobre as merecidas vitórias no campeonato contra, por regra, 2 equipas: a adversária e a de arbitragem. Teria escrito sobre uma pedra da calçada chamada José Mota, que depois de ter assistido a uma arbitragem encomendada para provocar o Glorioso, conseguiu ainda assim justificar a sua derrota com a arbitragem (e é exactamente por causa disto que nunca passará de um treinador cujo pináculo da carreira é usar um boné amarelo que desafia, em iguais medidas, a paleta de cores e a sanidade mental). Teria escrito sobre a merecida passagem aos oitavos de final da Taça UEFA, numa demonstração de maturidade e futebol de qualidade, mas também sobre a patética demonstração de fragilidade psicológica em Paris. Teria escrito sobre a emergência de um jovem chamado David Luiz, que vale 5 Andersons.

Teria, também, escrito sobre a hipocrisia do Circo de Alvalade e dos queques que o gerem, que quando perdem fazem birra e dizem que não vale, protestam jogos sem fundamento e exigem despenalizações de assalariados subnutridos que agridem outros jogadores (mas que se calam, de forma cúmplice, quando outros seus assalariados se colocam às cavalitas de adversários para marcar golos, ou quando se lhes oferecem penalties para resolver jogos, e concordam veementemente quando jogadores do Benfica são castigados com 2 jogos por tentar ‘destravar-se com recurso a movimentos tendentes à prosecução de uma situação de desaperto’).
Se tivesse tido tempo, teria escrito sobre a evolução do Apito Dourado e sobre o interessante silêncio do maior criminoso que este país já produziu. Ou sobre o fenómeno de ‘aporcalhação’ (típico de quem se torna assalariado da associação criminosa gerida pelo Lobo Mau) do Jesualdo, outrora um indivíduo bem melhor formado e mais humilde.

Se tivesse tido tempo, teria aqui assinalado o 103º aniversário do Glorioso, o Maior e o Melhor Clube do Mundo, orgulho dos Benfiquistas e deste país que não o merece.

E teria, finalmente, aqui lamentado com mágoa profunda a perda do Bento, ‘o’ guarda-redes do meu Benfica. Do Benfica que era o Benfica quando cresci para a vida.

Mas não tive. Tempo, quero dizer. E o tempo - o outro, mais abstracto e inexorável – tudo leva.

Não pensem, no entanto, que o silêncio se alastrou ao essencial. No Estádio da Luz, no verdadeiro Ninho das Águias, tenho feito sentir a minha voz. Alto e sem amarras, a gritar pelo Benfica.

Hoje à noite não será - claro que não - excepção.

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