terça-feira, dezembro 02, 2008

 

Mau a matemática mas bom em ginástica (com os braços, a levar copos à boca)

E porque já chega de bater no ceguinho (sendo o ceguinho o Quim, e sendo 'ceguinho' o termo certo), debrucemo-nos por um instante (pequeno, para não enjoar) sobre as aventuras do chefe de cerimónias do Circo do Lumiar (apenas porque, mais uma vez, se meteu connosco).

Já fazia falta, mas a Avestruz de Alvalade lá nos voltou a brindar com mais uma das suas hilariantes rotinas de stand up (afinal, já estamos perto da época das festas e o Johnny Walker não se bebe sozinho), pelas quais já é tão conhecido como por bater com a cabeça em todos os candeeiros de tecto nas divisões onde entra ou por vestir calças curtas demais para o seu tamanho.

Diz o anestesiado moço que quer fazer do Sportem ‘o maior e melhor clube de Portugal’ e que não tem dúvidas que ‘ o Benfica é sempre de Lisboa, o FC Porto é sempre do Porto e o Sporting é sempre de Portugal’.

Pois muito bem. Primeiro, volto a aconselhar à Avestruz que um papo secozito ou uma bolacha Maria entre os 25 whiskies é capaz de ser boa ideia. Absorve algum do álcool e, em teoria, minora a quantidade de disparates vomitada. Mas cada um sabe de si, e a Avestruz lá sabe (porque é que não fica em casa e prefere emborcar quantidades industriais de álcool). Outro conselho: mantenha-se afastado de lareiras, fósforos e isqueiros.

O menino sabe muito bem que o Benfica não é um clube de Lisboa, nem sequer é um clube de Portugal. É um clube do Mundo. O Benfica está em todo o lado, e em todo o lado há Benfica. Faça as contas: 14 milhões não cabem em Lisboa. Se calhar é pedir de mais, estamos a falar de um moço que não sabe fazer as contas do Passivo do Sportem.

O menino também sabe, por outro lado, que a agremiação do Lumiar nem sequer é um clube de rua, porque até na minha rua conseguia convencer mais gente a ir ver um jogo de futebol (e a minha rua não é muito habitada). O Sportem, cara Avestruz, é uma agremiação de queques, e muito poucos, que vivem na ilusão de que são populares porque de vez em quando abrem a casa de banho e convidam ‘populares’ a lá ir ver espectáculos deprimentes. Só que, ainda por cima, a casa de banho parece desenhada por um emigrante em França daltónico directamente vindo dos anos 70, e cheira mal, e os ‘populares’ não estão para isso (e os outros queques preferem ficar em casa a ler livros da Paula Bobone).

Mas percebe-se o que o menino quer. Todo este esforço da Avestruz para fazer crescer a agremiação tem exactamente a ver com o ridículo de apenas ter uma média de 35 queques nas bancadas do estádio a ver aquilo que eles gostam de chamar de ‘jogos’. No jogo com o Guimarães, por exemplo, foi audível em todo o Alvalixo um dos queques, numa das bancadas, a dar um traque, tendo até desconcentrado o moço Veloso numa altura em que estava sobre o fosso, com os calções a esvoaçar, a pousar para um dos fotógrafos (numa evocação da célebre foto da Marilyn). O queque flatulento, impecavelmente equipado com o seu pólo Quebra Mar e sapatinhos de vela (e chamado Salvador ou Bernardo, com algum grau de certeza), ainda tentou usar o proverbial truque de mandar as culpas para outro infeliz que estivesse perto, até perceber – aterrorizado - que era a única pessoa na bancada.
Isto é aborrecido e nada consentâneo com a imagem de gente que se sabe comportar em cocktails e comer com 35 talheres de cada lado do prato. Se tiver que se dar um traque, ao menos que haja gente por perto para culpar. É o mínimo que se pode pedir.

O nosso Presidente diz, e muito bem, que sabe ver a floresta quando os outros apenas vêem a árvore. O Presidente da Agremiação de Queques de Camisolas Engraçadas tem um problema diferente: enquanto os outros vêem florestas, árvores e plantas, ele só consegue ver o fundo de um copo.

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