quinta-feira, julho 09, 2009

 

Balas de borracha

Por estes dias pululam pelas caixas de comentários dos posts da Tertúlia alguns snipers munidos de balas de borracha/pólvora seca que lá vão sistematicamente deixar gotas bacocas de desconfiança sobre a gestão do Benfica. Não sei, honestamente, qual é o seu intuito (mas posso adivinhar).

Vêm, pé ante pé e, por entre elogios com água no bico e manifestações irresponsáveis de ignorância sobre as questões de que falam, lançam suspeições vagas, comentários à chico-esperto portuga que sabe coisas (mas não as quer dizer todas), bocas à lá Octávio Machado (‘investiguem’, ‘vocês sabem do que é que eu estou a falar’) e pequenas adivinhas hipócritas e plenas de segundas intenções ('sabem onde foi contabilizado isto', 'sabem o que anda a fazer o senhor tal', 'sabem quanto se gastou em clips?').

Comigo, what you see is what you get. Posso ser bruto, sim senhor, mas levam com o que penso, sem subterfúgios, sem qualquer tipo de fitos encapotados. Não há cá agendas escondidas sob pretensas maciezas, não adoço a pílula, não danço à volta dos assuntos, não visto hipocritamente peles de cordeiros. Gosto de pessoas que são o que são, que dizem ao que vêm, que frontalmente me escarrapacham a agenda em frente mesmo que ma atirem à cabeça. Não gosto, não tolero, não compreendo – foge à minha percepção - gente que envolta em capas de nobres intenções e polida lisura vai dando navalhadas e fugindo, vai mandando tiros para o ar a ver se acerta numa águia.

É absolutamente legítimo criticar o que se queira criticar no Benfica. Mais, esse sentido crítico, na plena demonstração desta profunda democracia que será sempre parte intrínseca do que é o Benfica, é essencial e vital para o clube. Mas exercido de uma forma responsável, justa, honesta. E não com base em equívocos, em farpas irresponsáveis, desinformando e incubando pequenos e purulentos furúnculos que vão infectando e crescendo para focos de desconfiança mal nascidos e injustificados.

O que estes atiradores furtivos dizem mostra um profundo desconhecimento da forma como é gerido o Grupo Benfica, qual a relação entre as empresas do grupo, como funciona o project finance do estádio e como funcionam os mecanismos de controle das contas das empresas e de auditoria. O que não os impede, no entanto, de elaborar irresponsavelmente sobre meias verdades. Como se isso não bastasse, sugerem, de forma intelectualmente desonesta, a existência de práticas pouco correctas e profundamente amadoras. Se há uma coisa com que não se pode pegar é com as contas do Benfica. São públicas, são transparentes como nunca foram, são objecto de um controlo apertado por parte das autoridades competentes e, muito especificamente, por parte dos auditores. Se algum clube há que permite ter a noção real e cabal de toda a sua realidade enquanto grupo económico, é o Benfica. Não estamos nos anos 80 nem no início dos anos 90.

Podia o Benfica estar melhor? Podia. Cometem-se erros? Cometem. É tudo uma maravilha? Não é. Mas está-se no bom caminho e o grupo é, acredito, gerido por gente séria com os superiores interesses do Benfica em mente.

O Benfica é gerido como um grupo, não como um conjunto de empresas isoladas, e é visível no seu todo. As empresas do grupo são todas detidas e controladas pelo Benfica. Todas – repito, todas – as empresas são integradas nas contas consolidadas. Há contratos celebrados com a Benfica Estádio no âmbito do Project Finance do estádio, há contratos celebrados com a Benfica SAD, há contratos celebrados com o Benfica, há contratos celebrados com a Benfica Comercial, há contratos celebrados com a Benfica Multimédia. Nas contas do grupo todas são consolidadas, o passivo global está absolutamente identificado. É muito complicado? Se calhar o que faz confusão a esta gente é que não façamos o mesmo que o SCP ou o FCP e escondamos dívida em empresas que não consolidam e que embelezemos as contas das SAD ou lá consolidemos apenas algumas empresas que fiquem bem na fotografia.

O que interessa é o grupo. Que raio interessa se alguma das empresas angaria financiamentos e funciona ou não como centro de financiamento das outras ou não, se isso é transparente e claro e se depois nas contas consolidadas tudo está incluído e se vê a verdadeira relação entre o cash flow gerado pelo grupo e a dívida total?

Há, evidentemente, contratos cujas receitas estão a ir directamente para os bancos com os quais se têm financiamentos de médio e longo prazo. Resulta directamente da reformulação da estrutura contratual associada ao project finance do estádio. É público, foi amplamente explicado pelos responsáveis do Benfica para quem verdadeiramente quis ouvir. A estrutura do financiamento passou inclusivamente por uma alteração no sentido da libertação de uma série de garantias e mordaças contratuais tipicamente associadas a um project finance - passando a assumir praticamente a natureza de uma dação ‘pro solvendo’, cuja figura jurídica implica o recebimento dos pagamentos de um conjunto de Contratos Comerciais associados ao Novo Estádio directamente em contas dos bancos, por forma a amortizar os financiamentos tidos com estes. O Contrato Comercial de Naming e Pouring Rights com a Centralcer era um deles.
Estão a ver? É simples, não configura qualquer prática pouco clara e é, inclusivamente, uma medida de gestão de absoluta racionalidade. A gestão financeira do Benfica é feita por gente séria, que sabe o que faz, na plena observância da lei.

Registo, não sem uma ponta de náusea, que foi exactamente este tipo de expediente das bicadas sistemáticas e pouco sérias com base em meias verdades que foi utilizado ao longo de meses por um candidato que ainda agora numa corrida a dois conseguiu ficar em terceiro.

Ainda não assentou a poeira de um processo eleitoral agitado por gente com o mesmo tipo de oposição irresponsável. Qual é o objectivo, qual é a necessidade disto, agora que tudo acabou e nos preparamos para, mais uma vez, nos equilibrarmos no ténue fio da esperança que nos separa do abismo e enfrentar mais uma época contra tudo e contra todos?

Como não quero ferir a susceptibilidade de quem ainda acredita no Pai Natal, na Fada dos Dentes e no Coelhinho da Páscoa (nada me surpreende: ainda há quem pense que o Cláudio Ramos é heterossexual e que o Augusto Duarte foi a casa do Pinto da Costa para ter aconselhamento familiar), e de quem poderá achar que ando para aqui à estalada com moinhos, vou-me abster de apontar as óbvias ilações a tirar de tudo isto.

De pirómanos com défice de atenção estou eu farto.

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